quarta-feira, 1 de abril de 2015

TDAH Sem Medicação - A Intervenção Certeira do Psiquiatra



Dr. Jyu Kamiya e seu pequeno cliente Kenai






Por Marise Jalowitzki e Cassia Aiko Sato - Toyohashi - Japão
01.abril.2015
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2015/04/tdah-sem-medicacao-intervencao-certeira.html

Algumas associações aqui no Brasil (e pelo mundo afora) insistem em dizer que o uso dos psicotrópicos é necessário (se não imprescindível) para os portadores dos sintomas tidos como TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Isto é contestado por vários outros especialistas da psiquiatria internacional. Porém, fica-se mais no debate do "certo-errado", "existe-não-existe" do que apontar exemplos de aplicação efetiva. E os pais, com os filhos diferentes, tendo que lidar com situações incômodas, não aceitas socialmente, cobrança na escola e na família, terminam por se convencer de que, para poder lidar com o filho, para que o filho seja aceito na escola, tem de aplicar tarja preta.

Hoje vamos apresentar nome, sobrenome e endereço de um psiquiatra que tem uma clínica respeitável, que esclarece os pais, que realiza visitas nas escolas onde se encontram seus pacientes mirins e que não inclui no tratamento os chamados psicotrópicos.

Ao construir o artigo sobre TDAH e Acordos - Quadro de Tarefas, Perdas e Recompensas - contei com a ajuda direta da Cassia Aiko Sato, uma brasileira que mora há mais de 20 anos no Japão. Também já havia lido vários comentários do Luis, do Maranhão-Brasil, que também trata seu filho TDAH sem medicação, assim como ele próprio.

Assim, antes que algum crítico já declare: "Ah, mas isto é lá no Japão!Aqui a realidade é outra!" - deixo a declaração do Luis: "Aqui também tem psiquiatra que trata sem medicação!" - declara Luis. "Só precisamos divulgar mais!" - Pedi a ele que envie mais dados, caso o psiquiatra brasileiro queira registrar seu nome na web como um profissional competente que não usa medicação psicotrópica em crianças. São bem poucos, sabemos, pois o Brasil, 2º maior consumidor de Ritalina e Concerta no mundo, tem uma filosofia marcante de medicalização. Os comerciais alardeiam "a pressa" de quem quer "a cura". E, no caso do TDAH, como esperar "cura" para algo que não é uma "doença"?

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Querendo, leia:  TDAH tem Cura? 


















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As Providências do Psiquiatra

Cassia levou seu filho Kenai, o mais novo de três, para ser atendido pelo Sensei Kamiya, devido à agitação do pequeno, seu nervosismo e agressividade quando não conseguia os resultados esperados, quer no cumprimento de uma tarefa, quer no atendimento de algum desejo seu. Como o comportamento era por demais exacerbado, a mãe limitou-se a filmar aquele comportamento agressivo, não bateu, esperou os dois meses até conseguir a consulta com o médico do serviço do governo e apresentou a situação ao especialista.

Cassia: "Kenai tinha essas crises nervosas constantemente. Kenai nunca tomou nenhum medicamento.Graças a Deus não tem mais!

O doutor o recebeu, conversou com ele, realizou várias atividades avaliativas, emitiu o diagnóstico. Orientou-nos e foi pessoalmente até a escola, conversar com a direção, os orientadoras e a professora do Kenai. Depois dessa visita de acertos e acordos, uma vez por mês ele envia um assistente dele, que passa o dia todo na escola, observando meu filho. Meu filho não sabe que a pessoa está lá por causa dele. 

Uma vez ao ano, caso nada aconteça de inusitado, ele retorna à escola, fazer uma nova reunião de atualização, conhecer a próxima professora e tal... Kenai só volta ao consultório caso acontecer alguma coisa mais séria. Como ele está super bem não tenho ido com ele lá... Só agora, para conseguir a foto dele pra você!"





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Querendo, leia também - Uma das mais muitas recomendações do Dr. Kamiya:

TDAH e Acordos - Quadro de Tarefas, Perdas e Recompensas

O monitoramento do quadro é mais uma ação necessária



O que mais me marcou no encontro com o Dr. Kamyia (Cassia)

Quando Kenai recebeu o diagnóstico de TDAH,o psiquiatra me explicando os métodos de como lidar com ele, me disse algumas palavras que mexeram muito comigo. 

Disse ele:

"Eu sei que os pais,colegas e os prof se incomodam por ele ser assim. Mas quero que vcs (pais, irmãos, familiares) e a escola saibam que o Kenai sofre muito mais por ser assim, e que ele luta todos os dias para ser como as outras crianças. E quando ele não consegue, se frustra e isso é uma tortura para ele. 
Vamos nos ajustar a ele e ele se ajustará ao mundo!!! 
Crianças com TDAH são muito mais sensíveis que as outras e tem baixa tolerância a frustrações !!! 
Nós agora somos um time: eu (psiquiatra), pais e a escola!!! Ele vai conseguir ter uma vida normal se nos empenharmos agora." 

Nessa hora me coloquei no lugar do meu filho, quantas situações ele enfrenta todos os dias. Como ele deve estar se sentindo? Confuso, perdido, excluído!!! Nesse dia sai da clinica com outra visão do meu filho e decidida a ajudá-lo a superar todas as dificuldades!!! E aí está o resultado! 
Procuro passar o que eu aprendi com a prática, pra que outras crianças e pais não sofram tanto.
Sei que temos muita luta ainda pela frente, vai vir a adolescência, mas acredito que vamos vencer!!! Com muito amor e dedicação. Se Deus quiser!

Espero que meu depoimento abra a mente de algumas mães.
Pelo menos faço minha parte.
Porque a criança não tem culpa.

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Leia também:

Meu Filho TDAH sem medicação - O papel fundamental do psiquiatra - A dedicação da mãe - Relato


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A Kamiya Mental Clinic fica em Toyohashi, no Japão e tem como médico-chefe o Dr. Jyu Kamiya. Sensei (Dr. em japonês) Kamiya obteve seu diploma de medicina na Escola de Medicina da Universidade de Gifu, Ph.D. em Gifu University Graduate School of Medicine - Japan.




Kamiya Mental Clinic

Hospital

http://kamiyamc.jp/link/link_main.html



かみやメンタルクリニック
441-8087 愛知県豊橋市牟呂町字西明治源助堀6-1
TEL 0532-34-1411
 FAX 0532-34-1421


"O Dr. só atende com hora marcada, eu fiquei 2 meses na fila de espera. Lá é muito cheio, mas depois que vc consegue a primeira consulta, ai ele companha sempre e vc pode marcar consulta sempre que precisar.

Não pagamos nada. No Japão, os atendimentos de criancas até 12 anos nao são pagos, nem médicos, nem remédios, nem atendimento hospitalar, internação. Todos temos o mesmo direito...pagamos o mesmo seguro saúde...só que quem ganha mais, paga mais...quem ganha menos paga menos... Depois dos 12 anos paga 15% e, se for tratamento com psiquiatra, nem adulto paga."


Mas, nem todas as mães arregaçam as mangas e vão à luta!

"Fico muito preocupada com a vida adulta de meus filhos, por isso me empenho ao máximo. Só que a maioria não pensa assim; muitas mães desistem do método, porque dá trabalho. Tenho uma amiga que os 2 filhos dela foram diagnosticado com TDAH. O mais velho predomina mais a desatenção. O de 8 anos, a hiperatividade e a desatenção. Mas ela não faz nada por eles. Já conversei com ela várias vezes, mas não adianta. 

Eles chegam da escola e ela já manda brincar lá na rua, não acompanha na escola, nem quer saber. E o filho dela de 8 anos estuda na mesma escola do Kenai, só que ele fica na sala para deficientes! A mãe optou por colocar nessa sala porque ela não quer ter trabalho. Sinto pelas crianças, que sofrem muito. Pensa essa minha amiga nunca mais voltou com os filhos na clinica. Colocou na sala para deficientes e lá estao. O menino de 8 anos já percebeu que lá não é o lugar dele e pede para ir para a sala normal. A escola falou que só vai transferi -lo se a mãe vier e participar e ajudar. Caso contrário não vão mudar ele. E ele fica lá, cada dia mais revoltado.

Eu penso sempre nisso, em canalizar as energias, impulsividade, criatividade, tudo para o bem...
E espero que meus filhos se tornem seres humanos de bem e sejam felizes...
Vejo tantas crianças e jovens desperdiçando tudo que tem de bom, fazendo coisas erradas ai pela rua...
Cadê os pais dessas crianças?
Aí, se você vai reclamar ou mesmo a escola quando entra em contato para pedir providências, esses pais ainda discutem e falam que é coisa de criança...que criança tem que aprontar mesmo... ou que eles têm que trabalhar e não tem como estar com as crianças o tempo todo, então deixam na rua brincando...

É muito triste, pior que muitos pais parecem que não se preocupam com o futuro dessas crianças.

Também tem mães que até já me falaram: Você se preocupa demais, gasta dinheiro demais com tanta atividade p/ara eles, se dedica demais por seus filhos, vai acabar doente e não pense que eles vão dar valor para você não...depois eles casam e te abandonam, nem lembrarão o que você fez por eles...

Eu penso assim...um dia eles vão mesmo seguir a vida deles e se estiverem felizes e encaminhados, para mim basta, fiz a minha parte como mãe e estarei realizada!!!

Mesmo porque tudo que eu faço por eles é por amor!!!"

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O AMOR É TUDO e A FAMÍLIA, A BASE!
Quando a criança sente que os pais apostam nela, gostam dela do jeito que ela é, acreditam nela, eles conseguem superar os problemas!
O mundo ainda está calcado em muita superficialidade, em muitos valores rotos.
Esforçar-se em temas que não atraem, em conteúdos escolares que nunca mais se vai ocupar depois é mesmo um desafio! Encontrar o que realmente motiva e, depois, dedicar-se a isso, é a redenção saudável!

Nenhum psicotrópico vai fazer isso! Pode até "FAZER PASSAR DE ANO", mas, autoconfiança, nunca! Nem aprendizagem efetiva.

Outro dia li um comentário de uma mãe que o filhotinho chega em casa chorando, pedindo os comprimidos. "- Sem estes remédios não consigo nada!" 


Alguém disse isso pra ele! 


Alguém fez com que ele se convencesse de que "tem algo errado" com ele, simplesmente porque não responde no "tempo certo"! 


O que vai ser desta criança no futuro? COMO ela vai apostar nas suas capacidades e habilidades? 


A continuar com este tipo de tratamento e visão, vai sempre se amparar, se apoiar em estímulos externos, no caso, os tarja-preta!!
E mais: sabendo-se dos efeitos colaterais em pequenos corpos em desenvolvimento, a dependência será física e psíquica!
Sabemos que não é preciso que seja assim!!



























 Marise Jalowitzki 

é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. 

marisejalowitzki@gmail.com 

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