segunda-feira, 15 de setembro de 2014

TDAH - Como é ser diferente em terra de iguais?


O que é ser 'diferente'? Posso resumir em uma única palavra: sensibilidade.


TDAH - Como é ser diferente em terra de iguais? 

Por Marise Jalowitzki


O que te despertou o interesse pelo assunto TDAH? 
Minha semana iniciou com esta pergunta de uma curitibana. E teria inúmeras situações para relatar, sentidas na pele ou observando o que acontecia ao redor e de como os adultos sempre reagiram frente aos diferentes, ao longo das décadas. Sim, não é nada fácil ser um diferente em terra de iguais. E, convenhamos, "iguais" uma ova, apenas achatados, adequados, pessoas que não sofrem tanto, ou, pelo menos, parecem adoremecidas para seus potenciais inatos e aceitam as normas sociais vigentes aparentemente sem pensar muito a respeito.

O que é ser 'diferente'? Posso resumir em uma única palavra: sensibilidade. E isto, o indivíduo manifesta para mais ou para menos desde cedo, desde o ato de nascer, quando, por vezes, a enfermeira sentencia para a mãe do recém nascido que chora demais, que grita em desespero (por medo do desconhecido ou por maus tratos mesmo): 
"Mãe, este vai te dar trabalho!" 
- ou, pior ainda: 
"Mãe, este vai te fazer sofrer!" 
Até bem pouco tempo não julgava que uma profissional da saúde pudesse ser capaz de dizer isso a uma mãe que acabou de parir, mas, os relatos são tantos, que não tem mais porque não divulgar! 
O que uma 'sentença' assim é capaz de promover no interior de uma mamãe fragilizada além de medo de um futuro não tão risonho quanto ela esperava ter com seu filhotinho? Os rótulos já acompanham os bebês "diferentes" desde o momento de aportar aqui! O que isso promove em sua psique?

Porque tanta rigidez na experiência escolar dos pequenos, logo que ingressam até mesmo na escolinha, obrigando a desenhar pessoas, por exemplo, olhando de frente, olhos "no lugar" e "do jeito certo", pescoço em simetria com o restante do corpo? Mãos, braços, pernas e posição dos pés, tudo "no lugar certo", como se existisse apenas um modelo físico? Por que não acolher a brotação artistica espontânea e ir direcionando aos poucos? Não, apaga-se na frente da criança o que ela desenhou, o adulto rabisca o que ele julga ser o certo e a criança tem de 'passar o lápis por cima'... matando a criatividade!! Quando adulto, se sobreviver, volta-se às artes e consegue a livre expressão!!! Mundo incongruente!! (Obra de Santosh Dhir - artista indiano)


Quando a amiga me fez a pergunta, parei para pensar: Sim, para escrever um livro com um tema assim complexo e com versões tão controversas, como é o TDAH, o que precisa mobilizar é unicamente o Amor! Amor pelos pequenos incompreendidos que já fomos. Amor pelos pequenos que hoje nos rodeiam, os relatos de situações absurdas em sala, o que sabemos e ouvimos das mães angustiadas, o que vivemos no passado (irmãos, amigos e experiência própria), os conteúdos programáticos dos modelos escolares, os rótulos de uma sociedade segregadora, tudo faz refletir profundamente de como o mundo precisa mudar e não tentar apenas moldar as crianças que por aqui aportam, plenas de esperanças. Esperanças  que não podem ser assim frustradas, simplesmente pelo engessamento de uma visão social distorcida e arcaica! O acolhimento precisa ser aprimorado para que as crianças possam ser o que são: Crianças!

Mobilizada por este estado de coisas, comecei a procurar dados em outras fontes e países, que não apenas as matérias corriqueiras que veiculam aqui (existe ou não existe; cria ou não cria dependência, ou a divulgação do quanto ajuda medicalizar, especialmente em sites financiados pela fabricante, que, claro, vai advogar em causa própria!). 

Aí, quando se tem acesso a algumas informações não tão divulgadas por aqui, a conclusão é: há que arregaçar as mangas e criar um movimento de divulgação dessas informações! Pronto! O primeiro foi editar os artigos no blog, ao mesmo tempo em que compilava o livro. Depois, conseguir editar (o que é bastante extenuante e forma um capítulo à parte), criar o Grupo no Facebook e, daí, os seminários, os eventos de reflexão, os encontros nas escolas e municípios, os contatos com as mães e pais em grupos de estudos e apoio. Tudo incipiente, para não deixar crescer rápido demais e não conseguir dar a devida atenção e cuidado. Incentivar mais pessoas para que realizem o mesmo. Já tenho conhecimento de um grupo no interior do Pará e um na periferia de Brasília que, após adquirir o livro, passaram a estudar em conjunto o conteúdo e discutir e implementar. Tudo bem fundamentado e com resultados excelentes, como deve ser quando o propósito é do Bem!

Dificuldade em 'fazer continhas'? Dificuldade em somar, subtrair, multiplicar, dividir? Olha o que está contido nesta tela bordada! Simetria pura, atenção, foco, beleza, harmonia, planejamento, empreendedorismo, perseverança, constãncia de propósito, disciplina... Por que ela consegue terminar o que começou, por mais gigantesca que pareça a tarefa? Porque gosta do que faz! Porque quando está cansada larga tudo e vai fazer outra coisa e volta quando se sente apta, desanuviada! Ao invés de dizer: "Ele não serve para o estudo!"... não é mais apropriado descobrir quais as áreas de interesse? roporcionando esta oportunidade de se auto descobrir?


Agora, uma coisa afirmo: Se a criança não tiver pelo menos uma pessoa que a admire pelo que ela é, do jeito que ela é, dificilmente vai conseguir ficar em pé! Não adianta só Amar, o lance é Amar e Gostar de que quem você ama! Caso a criança sentir que "A mãe me ama, mas ela sente pena de mim", ou "vergonha de mim", a sensação de que é "um erro" só vai aumentar! E a dependência, ao longo dos anos, também! E não estou falando de dependência medcamentosa! Falo de dependência emocional, de sempre precisar que alguém indique o caminho, aprove suas ações para que possa dar o próximo passo. Com a auto confiança detonada, dificilmente será uma pessoa criativa e inovadora! O medo a tolhe de tal maneira que tudo que não quer é expor-se à crítica! Por isso, elogie muito, aprove muito, tudo verdadeiramente!!!


E, com relação aos rótulos, ressalto o que já comentei em outro post, em relação à minha própria experiência, enquanto adulta: após um ano de tratamento homeopático e com resultados muito bons, perguntei, finalmente, ao terapeuta, já que nunca ele "dizia o que eu tinha": Afinal, doutor, o que eu tenho? Bipolaridade ou hiperatividade? - Ele serenamente respondeu: Ao invés de procurar rótulos, prefiro dizer que tenho à minha frente uma pessoa que, neste momento, está precisando de ajuda! (incorporei o Gincko-Biloba, uma cápsula pela manhã, em jejum, para manter o foco, não procrastinar, não dispersar. Uma raiz que aqui é difícil de obter para incluir na dieta alimentar, por isso as cápsulas. Senão, estaria no prato-nosso-de-cada-dia) 



Abraços e Felicidades!
Marise Jalowitzki
Porto Alegre - RS - Brasil




Inclusão e 28.agosto.2015
Em outro post a Ellen comentou:

"Hoje ele me disse que era pra eu deixar que ele estudasse sozinho como as crianças "normais". 

Essa eu levei pro lado mais leve, dei um sorriso e perguntei como eram as crianças normais e o que ele tinha de diferente pra ser anormal; ele levou pro lado leve também, e me disse: 
- É que eu só acho que estudar é chato, e eles não".

Que b-e-l-e-z-a de resposta a dele, Ellen! Tem de ir pro podium, sem estresse!! É que estudar, nos moldes que são comuns por aí, é muito chato mesmo!! Ele está certíssimo!!!


Importante incentivá-lo a vencer estas etapas assim massacrantes, se formar e ser um agente transformador, para que as novas crianças possam ser mais bem tratadas do que os diferentes, como ele, estão sendo!!

Diferente não é doente! Diferente não é deficiente! Diferente não é anormal! Diferente é...diferente! Nao existe uma pessoa IGUAL a outra! E todos tem o direito a Respeito, como todos os demais!

A propósito, lembrando que "normose" é o mal do milênio! Normose, sim, é mesmice! Fazer tudo igual, do mesmo jeito, como sempre foi feito, sem questionar, sem refletir, isto, sim, é problema!



Marise Jalowitzki​



Marise Jalowitzki
Compromisso Consciente

Escritora, Educadora, blogueiro e colunista
Idealizadora e Coordenadora do Curso Formação para Coordenadores em Jogos e Vivências para Dinâmica de Grupos,
Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela FGV,
Facilitadora de Grupos em Desenvolvimento Humano,
Ambientalista de coração, Vegana.
Certificada como International Speaker pelo IFTDO-VA-USA



Livro: TDAH Crianças que desafiam 
Como Lidar com o Déficit de Atenção e a Hiperatividade na Escola e na Família
Contra o uso indiscriminado de metilfenidato - Ritalina, Ritalina LA, Concerta

Para conhecer mais e adquirir, acesse: 


TDAH Crianças que Desafiam - Como Lidar com o Déficit de Atenção e a Hiperatividade na Escola e na Família











Nenhum comentário:

Postar um comentário