domingo, 9 de setembro de 2012

Verrückt Michel, Justiça no Maranhão e Bullying


Paz, Perdão e Compreensão valem muito mais que castigo


Verrückt Michel, Justiça no Maranhão e Bullying


Por Marise Jalowitzki
09.setembro.2012
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2012/09/verruckt-michel-justica-no-maranhao-e.html

Dessas coisas que não se sabe porque chegam às nossas mãos. Não gosto de ver cenas violentas. Sob o título: "Justiça no Maranhão" recebi agora há pouco um video. Em tempos de eleição, dei uma olhada e não quis acreditar. Não tinha nada a ver com período eleitoral. Tratava-se de um grupo de moradores que, dizem, resolveu fazer "justiça com as próprias mãos" para "castigar" um pretenso ladrãozinho de seus 15, talvez 16 anos. A menos de 100 m da delegacia, nem vou citar a cidade.

SEMPRE hei de condenar a violência. ABSOLUTAMENTE não se educa através do castigo físico, da coerção, da subjugação. O rapazote, negro, só de bermuda, amarrado a um tronco e adultos batendo com paus e tábuas até que ele estivesse todo sangrado, gritando e pedindo por clemência! 

Não é só no Maranhão que isso acontece, bem sabemos. Aqui mesmo,a pouco tempo, arrastaram um rapazote por mais de 300m, puxado por uma carroça, amarrado de forma que não pudesse andar. A HISTÓRIA MOSTRA que VIOLÊNCIA SÓ GERA MAIS VIOLÊNCIA. Abomino este tipo de divulgação, até pelo que gera dentro de nossas humanas mentes poluídas, com toda uma tela mental plena de lembranças e notícias cruéis. E, ainda mais, quantos se comprazem vendo? A maldade humana existe, sim, e não será reacendendo esta chama que ela irá diminuir. Pelo contrário. Porque, então estou a comentar tudo isso? Porque algo me chamou a atenção: a cena parecia encomendada! Logo ao início, o rapazote olha para a filmadora, meio que perguntando "tá pronto"? Um menino, branco, mais baixo do que a vítima, fica de "responsável" para assegurar que a corda, várias vezes enlaçada ao redor do magro corpo, não se solte. Os golpes se sucedem e ele ainda não está gritando! Vem um adulto mais forte, mais robusto, com uma tábua 'nova' e aplica vários golpes. Aí, sim, espirra o sangue! O menino grita, volta-se para alguém que não aparece e, chorando, braços abertos, chama por um nome e diz: "Ô, meu!" como quem declara "não foi isso que combinamos!" 

Fiquei com essa impressão martelando em minha cabeça, até que resolvi escrever. NÃO TERÁ SIDO MAIS UMA 'ENGANAÇÃO', PARA RECEBER CLIQUES DO YOUTUBE? Sim, pois atualmente há os  que filmam qualquer coisa para receber alguns cliques anônimos!!! As pessoas que assistiam, riam do deplorável espetáculo. Todos com aparência bem nutrida, só o rapaz, um pobre magrelão. E mais: suas feições mostravam indícios de deficiência mental. Acaso não terá sido um desses pobrezinhos que, vítima da tirania alheia, talvez em troca de alguns trocados, tenha se prestado para este tristíssimo papel? E o menino que serviu de 'puxador', segurando a corda? Qual a responsabilidade dos adultos em 'delegar' um papel desses a uma criança?

Você acha o que estou dizendo, meio estranho? Não é, não! Lembro que, em criança, ouvíamos da voz materna a narração de um menino que, na infância dela, fazia questão de brincar com as outras crianças. Ele não era 'normal'. Ela o mencionava como o "Verrückt Michel" - o Miguel Louco. Dizia que ele ria muito, mesmo quando o sacaneavam e que os outros rapazes faziam dele "uma peteca" - troçavam e humilhavam. O "Fériktmichel" (como pronunciávamos) insistia em querer brincar com a turma. Nós, depois, conversávamos meio assustados, meio aturdidos, resgatando a necessidade do respeito que se deve ter com todos, mesmo que haja diferenças e o quanto troçar machuca, ainda que a pessoinha em questão não o demonstre. 


Ter opinião implica na coragem de saber, sentir e aceitar a SUA  diferença, para poder manifestar ao mundo ideias inovadoras de Compaixão e Respeito
(Foto Jean Jeremias)


Esta coisa louca que temos dentro de nós, ainda mais acentuadamente em crianças, de não estar sozinho, de fazer parte de uma tchurma, de estar inserido em um contexto, de querer divertir-se em grupo, TEM DE ESTAR ATRELADO AO EXERCÍCIO DA DIGNIDADE PARA TODOS! Sim, podemos usar o termo adotado [novamente] do inglês e dizer: humilhar é bullying. Sim, trata-se de bullying, de troça, de escárnio, de maldade!

E, voltando ao rapazote negro, magro e pobre do Maranhão, a quem pretendem convencer de que o 'tratamento' terá algum efeito positivo? A fome, os maus tratos, o desamparo, a exclusão, só ficam acentuados!

Neste domingo sem sol, todo nublado aqui em Porto Alegre, deixo este registro: COMPAIXÃO, RAÇA HUMANA! Um prato de comida regular, estendido com amor, reergue muito mais do que qualquer castigo ou rechaço!

E, se você souber de algum caso, disque 100 e denuncie! É o mínimo!

Ao menino das lembranças da infância, a todas as crianças, a todos os humanos e animais que já serviram [e servem, infelizmente, ainda] à diversão dos pseudo-normais, envio uma oração de alento.

Querendo, reflita mais sobre o tema, neste blog: http://t.co/etboaVP
Justiça com as próprias mãos? É assim que funciona? 


Homem amarra ladrão em carroça e o arrasta por 300 metros - A justiça de cada um
 
PAZ PARA TODOS!


Amor ou violência


As nações fazem exatamente o que cada um faz individualmente

LINK: http://t.co/WY5jnOO

Marise Jalowitzki
Compromisso Consciente


Escritora, Educadora, Ambientalista,
Coordenadora de Dinâmica de Grupo,
Especialista em Desenvolvimento Humano,
Pós-graduação em RH pela FGV,
International Speaker pelo IFTDO-EUA
Porto Alegre - RS - Brasil 






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