segunda-feira, 26 de março de 2012

Impactos Ambientais em Brasília - Cimento e emissão de material particulado



Cimento é hoje um dos produtos mais utilizados no planeta - Na foto de Giovanni di Natale, o auditório Oscar Niemeyer, uma onda de cimento, na Itália

Impactos Ambientais em Brasília - Cimento e emissão de material particulado


Por Marise Jalowitzki
26.março.2012
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2012/03/impactos-ambientais-em-brasilia-cimento.html 



Chama-me a atenção quão pouca divulgação recebe a questão do fabrico e comercialização do cimento no Brasil, seja pelas parcas informações regulares na grande midia, seja nos debates de grupos ecológicos, ongs e redes sociais. A poluição gerada pela indústria cimenteira, que vai bem além da extração de calcário e argila, parece ser de pouco conhecimento. Neste blog, tenho publicado vários artigos, transcrevendo sempre textos de outros documentos, com o objetivo de alertar especialistas, ambientalistas, profissionais de obras e seus familiares, tentar sensibilizar empresários da construção civil e outros, além de dar conhecimento à população, principalmente do entorno das fábricas de cimento, se bem que os resíduos se espalham por quilômetros e quilômetros, sem que haja um monitoramento adequado. E imprescindível.


O MAIS GRAVE é a queima de resíduos tóxicos de várias espécies nos fornos de clinquer, fornos que, originariamente, não foram projetados para esse fim e que recebem, em ritmo crescente, uma variedade sempre mais diversificada de material perigoso que, ao final, ACABA PARTICIPANDO DA COMPOSIÇÃO DO CIMENTO E TIJOLOS DE CONCRETO.


Assim, os perigos atingem um número incontável de pessoas, incluindo operários da construção civil, empresas que fabricam moirões para cercas, postes, potes, vasos, estátuas para ornamentar jardins e tudo o mais onde entre o cimento, INCLUINDO AS PAREDES DE NOSSAS CASAS.


Deixo mais um alerta, considerações que deveriam estar sendo amplamente discutidas, incluindo análises sobre a escolha dos combustíveis, a coincineração de resíduos e os riscos da fabricação e uso do cimento.


Em todo o Brasil os incrementos para receber as Copas, em especial a Copa do Mundo, fazem do cimento uma peça chave. QUEM SABE DIZER QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS AMBIENTAIS - ar, solo, água, plantas, animais e seres humanos? 

"Há diversos impactos ambientais associados ao setor cimenteiro, desde a extração de matéria-prima, que gera degradação e alterações nos habitats próximos às fábricas, passando pela emissão de material particulado, causador de muitos problemas à saúde humana, até o macroimpacto gerado na fase de clinquerização, com a emissão de gases de efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono. 


No Distrito Federal, na região da Fercal, em Sobradinho, a presença de duas grandes fábricas - a Tocantins S/A e a Ciplan S/A gera nas comunidades próximas, impactos de ordem ambiental e social. 


Na Comunidade de Queima Lençol, localizada nas proximidades da fábrica Ciplan, e no entorno da APA de Cafuringa, há forte poluição gerada pela emissão de material particulado, oriundo da fabricação do cimento. Esta situação vem gerando conflitos na região, com episódios de fechamentos da rodovia de acesso à fábrica e à comunidade, com queima de pneus e protestos por parte da população local.


As várias alterações ambientais – emissões de gases e de poeiras, destruição do relevo, modificações locais no ciclo das águas, disseminação de contaminantes pelo uso de resíduos industriais como combustível – que são decorrentes do desenvolvimento das etapas produtivas do conjunto de indústrias do setor de produção de cimento.

Outro ponto generalizável é o uso intenso de combustíveis nos fornos rotativos das fábricas de cimento, e a diversificação crescente, com um leque disponível no mercado, cada vez mais amplo, de combustíveis básicos – os fósseis, derivados de carvão mineral e de petróleo, e uma infinidade de resíduos industriais; e os da biomassa, carvão vegetal e resíduos agrícolas.


Multiplicam-se as possibilidades de combinações ou misturas de diversos destes combustíveis – conhecidas como blends –, utilizadas em cada plano de queima de cada forno, para cada ciclo produtivo. Portanto, diversifica-se a composição das emissões de gases e poeiras para a atmosfera, bem como dos tipos de contaminantes que podem ficar retidos no próprio produto vendido.

A questão social decorrente é de primeira grandeza, pois o cimento é de uso generalizado, praticamente não têm sucedâneo; são mercados regionais e nacionais valiosos; existem minas de calcário e fábricas de cimento em quase todos os Estados da Federação, e considera-se de certo modo inevitável que se continue a extrair rochas calcárias para fabricar cimento."



Aumento crescente do uso do cimento


E apesar das agruras da concentração da renda e da diminuição do poder aquisitivo da grande maioria da população brasileira, que dificultam bastante o crescimento do consumo de cimento, tende-se a naturalizar o aumento do volume produzido a cada ano.




- No início da década de 1980, a produção ultrapassou 25 milhões de toneladas anuais; 
- De 1983 a 1985, retrocedeu a 20 milhões de toneladas;
- Em 1986, voltou ao patamar de 25 milhões de toneladas anuais, permanecendo por aí durante alguns anos;  
- Na virada do século (1999-2000) atingiu 40 milhões de toneladas anuais de cimento;
- Em 2003, a produção nacional de cimento retrocedeu a 35 milhões de toneladas anuais. 
- Em 2011 a produção alcançou 40milhões e 200 mil toneladas de cimento produzido no Brasil - recorde! (SNIC, anos diversos).


Questão Ambiental


A questão ambiental determinada pelo porte considerável da indústria cimenteira e da queima de um grande fluxo anual de combustíveis também é de primeira grandeza, e é ampliada pelo fato de que, ao mesmo tempo em que se generaliza a utilização das instalações das fábricas de cimento como se fossem incineradores de resíduos industriais – na realidade, os fornos de clínquer não são projetados e nem licenciados especificamente para esta finalidade –, a atmosfera das regiões vizinhas às cimenteiras recebem volumes constantes ou crescentes de material particulado e de produtos da combustão, com uma diversificação físico-química também crescente, por causa da grande variedade de resíduos e de blends que são queimados sucessivamente na mesma fábrica. 


Além disso, a formação de mercados regionais e nacional de resíduos industriais combustíveis – que incluem as sucatas de pneus e câmaras –, promove a circulação destes materiais entre várias localidades, o que significa uma disseminação geográfica e ocupacional do risco químico.


www.snic.org.br/pdf/presskit_SNIC_2011.pdf 

www.fem.unicamp.br/~seva/anppas04_SantiSeva_cimento_RMBH.pdf 
Dissertação de Mestrado – UNB - Universidade de Brasília, Centro de Desenvolvimento Sustentável, 2008 http://repositorio.bce.unb.br/handle/10482/1878?mode=full&submit_simple=Mostrar+item+em+formato+completo 


Querendo, leia mais em:

Indústria do Cimento - Fornos de 
cimento usam resíduos perigosos


Indústria do Cimento - Fornos de cimento usam resíduos perigosos como substituto de energia - Coprocessamento


30.setembro.2011
LINK: 
http://ning.it/pmn8rx






E mais, na Página de Links sobre a Poluição do Cimento - neste blog


Marise Jalowitzki
Compromisso Consciente


compromissoconsciente@gmail.com
Escritora, Educadora, Ambientalista
Coordenadora de Dinâmica de Grupos,
Especialista em Desenvolvimento Humano,
Pós-graduação em RH pela FGV-RJ,
International Speaker pelo IFTDO-EUA

Porto Alegre - RS - Brasil



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