segunda-feira, 5 de maio de 2014

TDAH e Dislexia - Escolas que se recusam a inovar e o papel do monitor




TDAH e Dislexia - Escolas que se recusam a inovar e o papel do monitor

Por Marise Jalowitzki
05.maio.2014
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2014/05/tdah-e-dislexia-escolas-que-se-recusam.html



É crescente o número de pais preocupados com as estratégias adotadas por algumas escolas em relação aos alunos que não respondem "no tempo certo" às expectativas dos professores. Mesmo para aqueles pais que aceitam o diagnóstico, efetuam os exames e medicam seus filhos, ainda assim continuam recebendo pressão para que os escores sejam cada vez maiores! E se a criança não responde ao exigido? Algumas escolas tentam fechar as portas! A situação não é incomum, especialmente na rede privada de ensino e é altamente preocupante!

Olha o relato de uma mãe: 
"Venho pedir a opinião de vcs para um problema que estou vivendo na escola de meu filho. Pf me ajudem!
Tenho um filho com 11 anos. Aos 8 foi diagnosticado com TDA (ele não tem hiperatividade). Desde bb fez váááários acompanhamentos, foi prematuro, fez fisio, fono, psico, pedagogo etcccc... Mas, aos 8 anos finalmente aceitamos a questão do TDA. Sou sincera em dizer que não foi fácil aceitar o TDA, achamos q era o fim da vida! Nesse momento, ser profissional as saúde e trabalhar com cçs especiais não foi tão favorável assim. Sempre soube de mts complicações e outras questões neurológicas que me colocavam medo em buscar exatamente o que meu filho tinha. Aquela velha história.... quando é com a gente td é diferente... Mas, depois de pesquisar, estudar e entender melhor o TDA, resolvi entrar de vez para este mundo! 

Infelizmente, fizemos a escolha da escola de nosso filho antes do fechamento do diagnóstico. Escolhi uma conceituada escola particular em nossa cidade. Mesmo sabendo que era uma escola grande e de padrão tradicional, eu e meu marido fizemos essa escolha, pois, a escola ainda tem fundamentos religiosos em seus princípios. Apesar de não sermos católicos assíduos, gostamos da filosofia apresentada pela escola, com fundamentos acolhedores. Enfim, já havíamos passado por 4 escolas em 8 anos e dessa vez queríamos mais que um ensino de qualidade, mais que uma super estrutura, queríamos uma escola onde nosso filho fosse acolhido, compreendido e aceito!

De início a escola teve um papel importante no diagnóstico da TDA, pois, meu filho teve de realizar uma prova para testar seus conhecimentos gerais antes de iniciar na escola e neste momento já fui chamada para uma conversa, em que sugeriram uma avaliação neurológica.
Enfim, acabamos matriculando-o nesta escola e ao mesmo tempo descobrindo o TDA. Já no primeiro mês de aula, meu filho já estava com a diagnóstico fechado e fazendo uso de medicação.
Ao longo destes quase 3 anos e meio, descobrimos o quanto nosso filho é inteligente! Tem QI acima do normal. Descobrimos tb o déficit de processamento auditivo.

Além destes diagnósticos, meu filho tem até hj dificuldades para escrever palavras com “q” e “g”, fazendo algumas trocas (hj em menor proporção, porém ainda existentes). Ele tem dificuldades para acentuar palavras e usar pontuação adequada. Teve evolução na escrita, é capaz de fazer redações e respostas coerentes, porém a escrita nunca foi seu forte. Em questões mais elaboradas, apresenta melhores respostas quando alguém lê a pergunta para ele. Neste caso, na maioria das vezes, antes mesmo de acabarmos de ler a pergunta ele já sabe a resposta. Hj ele faz psicopedagoga, aula de redação / português e psicóloga comportamental (fono parou há 5 meses).

Dentro desse contexto, a neurologista e a psicopedagoga, ainda não concluíram o diagnóstico de dislexia, porém a neuro acredita que ele tenha uma dislexia leve.
Desde o diagnóstico TDA, meu filho requer pequenas adaptações para provas como tempo extra ou realizar provas em sala individual.

A rotina de provas da escola é bem puxada. Tem provas tipo vestibular com 40 questões alternativas.
Acredito que estas medidas são pequenas, porém trouxeram mtos benefícios ao meu filho, não só no aspecto escolar, porém nos aspectos sociais e emocionais com melhora da auto estima e auto confiança. 

Enfim, hj meu filho está no 7º ano, tem amigos, se sente capaz, inteligente, interessado pelas questões escolares, é outra criança.

Apesar disso, a cada ano que passa, a escola me avisa q estas “adaptações” nas provas não serão possíveis até o ensino médio e até mesmo na faculdade. Que isso precisa diminuir.
Pela recente questão da dislexia, atualmente, estou com a carta da neuro solicitando maior tempo para execução de provas e tarefas, provas orais e provas segmentadas. 

Apesar disso, tive a grande surpresa de saber que a escola não poderá cumprir com essas exigências. Me disseram que não podem fazer prova adaptada (Ex: segmentar uma prova com 40 questões em duas etapas; colocar figuras maiores e legíveis); disseram que não podem pedir ao professor que leia as questões da prova de forma geral em sala ou pedir para alguém ler a prova para o meu filho. Nesta hora me prontifiquei a pagar um professor particular que pudesse ir até a escola para fazer isso, mas tb não aceitaram! 

Neste momento, indiretamente, me levantaram a possibilidade do meu filho frequentar um outro tipo de escola e indagaram que nos próximos anos essas questões ficarão ainda mais difíceis de serem exigidas!

Achei um absurdo!!! Estamos muito confusos! Médicos e terapeutas falam que a lei da dislexia exige que as provas sejam orais. A escola me fala que não é obrigada a fazer prova oral por falta de profissionais, que seus professores de ensino fundamental II são especialistas nas áreas gerais de cada um (ex: geografia, história etc), porém, não são especialistas em pedagogia e por isso não podem fazer prova adaptada. 

Enfim, meu filho tem TDA que é um distúrbio neurofisiológico e que sempre irá acompanhá-lo. Fazemos terapias e uso de medicação para conviver com o TDA da melhor maneira possível. Porém, para a escola o TDA só pode existir até o fundamental I, pq a partir do momento que entram mais professores na questão dá mais trabalho !!!

Chegaram ao cúmulo de me dizer que tenho que contar com a boa vontade dos professores. Aos que tem iniciativa e boa vontade é mais fácil de atingir e exigir essa ajuda, porém aos que não tem esse perfil a escola não pode fazer nada! 

Com tantas mudanças de escola e problemas com auto-estima, meu filho sempre teve poucos amigos. Mas, este ano ele está feliz, conseguiu formar um grupo de amigos próximos na escola e não quer sair de lá!

Bem, enquanto meu filho estiver feliz nesta escola não tenho motivos para mudá-lo. Vou atrás dos direitos que garantam que as formas de avaliação de meu filho sejam adequadas a ele!
Gostaria de saber se alguém já enfrentou um problema parecido? Se é lei alunos com dislexia fazerem prova oral? Se isso vale para escolas particulares e p/ alunos do fundamental II? Sei que é até ridículo eu perguntar dessa forma, mas foi assim mesmo que ouvi da conceituada escola, que hj me custa cerca de 1.000 por mês e que nada pode fazer para ajudar a meu filho!
Obrigada"





Ação efetiva dos Pais, isto se torna imperioso!

A dislexia acompanha geralmente o quadro de TDA (hoje, tanto déficit de atenção como hiperatividades, tudo está englobado na mesma sigla TDAH). A escola precisa garantir esta prática inclusiva. 

O advogado Ricardo Bandeira de Mello, que é o diretor voluntário da ABD - Associação Brasileira de Dislexia - explica que "a interpretação de vários artigos da LDB - Lei de Diretrizes e Bases das escolas e de outras resoluções falando sobre a inclusão de alunos com necessidades especiais gerou um consenso de que os disléxicos têm, sim, o direito de receber atendimento diferenciado". (*)

O procedimento da escola não pode ser discricionário.

Pais precisam fazer frente a esta situação e entrar em negociação com os dirigentes escolares. Construir uma parceria.

O principal argumento? A inserção! Como a criança está se sentindo bem com os colegas, interage com eles, desenvolveu pertencimento, não há porque trocar de escola! Os pais, acompanhando de perto a situação, hão de encontrar, juntamente com os professores, uma solução adequada a todos os atores,  

Há pouco tempo, uma outra mãe , com seu filhote em igual condição, resolveu enfrentar o problema, também em uma escola particular (a"melhor e mais cara da cidade"). E resolveu enfrentar principalmente pelo mesmo motivo: o menino está se dando bem com os colegas e, socializado, não quer sair! No caso desta mãe, a situação é ainda mais absurda e arbitrária! Já é uma fragilidade uma escola particular não ter a presença de um monitor (muitos estabelecimentos chamam assim o profissional que acompanha, leitor e escrevedor). Isto é proporcionado até nos vestibulares! A escola está sendo intransigente e, até mesmo, descompromissada, considerando a disponibilidade da família do garoto em facilitar a atuação do educador e proporcionar melhores resultados ao educando.

Como pode a escola se recusar?! 

Importante procurar a orientadora educacional (pedagógica), a direção, a Secretaria de Educação! Estamos, enquanto nação, enfrentando um momento bastante nebuloso em relação ao futuro de todos os diferentes, ditos "desadaptados". Pais e mãe precisam se informar e agir de forma firme, ponderada e, sempre, apostando em seus filhos!!! Ao mesmo tempo em que se fala em inclusão, as ações são segredadoras! Lembrando sempre que uma escola, seja do ensino público ou privado, está subordinada ao MEC!!!

"Os sintomas são notórios, os problemas e embaraços, também. Entretanto, ao mesmo tempo em que se reconhecem os sintomas e a real dificuldade desses seres em adaptar-se ao mundo em que vivemos, com suas regras tortas, também deve haver uma mobilização social que discuta que regras tortas são essas, para onde nos leva todo este sistema que achata e entorpece, que afoga e sufoca. Não dá para olhar a situação apenas de um lado e, convenientemente, estender a essas pessoas uma pílula de adaptação! O sofrimento existe, só quem sente na pele sabe dizer o que é. Agora, não questionar nada desse nosso mundo maluco e apostar as fichas em um comprimidinho mágico, não! O perigo jaz justamente no tipo de tratamento que está sendo vendido como fácil, rápido (como todos gostam no mundo atual) e, na maioria das vezes, como único eficaz." (pág 11 - Livro TDAH Crianças que Desafiam)




Deixo, mais uma vez, a recomendação para que todos os pais assistam ao filme: Somos Todos Diferentes!



Reforço Escolar

"No Brasil as estatísticas continuam escassas, mas, em dados obtidos em diferentes instituições educacionais, estima-se que trinta por cento das crianças necessitem de reforço escolar por apresentar atrasos no desenvolvimento da concentração e habilidades, oferecerem resistência em seguir regras e comandos, além da carência em habilidades motoras e suporte à frustração (resiliência).


A quem cabe a responsabilidade:

- Há aqueles que defendem de que os sintomas de TDAH sejam decorrentes de herança genética. A ideia de que os problemas das crianças são geneticamente determinados constituem um enorme alívio para muitos pais e professores, que pensam que, já que é genético, nada pode ser feito, já que ele nasceu assim... não precisam rever, desta forma, a sua prática e atuação junto aos pequenos. Christian Noiserock, terapeuta familiar de Munique, afirma que “ao esconder os problemas atrás de condições genéticas, isentam-se os adultos envolvidos da responsabilidade pelo fracasso escolar e os problemas sociais da criança”, o que não deve acontecer.

- Também não é possível colocar toda a responsabilidade sobre os pais e sua possível desestruturação, pois, mesmo sendo este um fator bastante importante, os sintomas serão muito ampliados na pressão recebida na escola, o que não aconteceria caso o ambiente fosse agradável e inclusivo. Pais devem envidar seus esforços para qualificar o mais possível o cotidiano de seus filhos, mas não podem se chicotear caso isso não esteja em suas capacidades realizar plenamente.

- Igualmente, não se pode querer colocar a responsabilidade somente sobre os ombros dos professores, que, especialmente na rede pública, ainda tem de lutar para que o piso salarial aprovado pela legislação lhes seja destinado, que dirá todas as demais providências necessárias. O excesso de alunos dentro de uma mesma sala é um fato que prejudica a todos e dificulta ainda mais a atuação do professor junto ao aluno com os sintomas de TDAH. Há notícias com salas que chegam a abarcar 56 alunos, com o processo tradicional de ensino! Como é possível uma coisa assim? As chances que um aluno em defasagem tem em receber uma atenção especial para progredir nas áreas em que está mais frágil, são praticamente zero!

- Com certeza, a responsabilidade é conjunta, de todos os que compõem o universo cuidador da criança ou adolescente. Nesse sentido, precisam todos os segmentos se dispor a ouvir e falar, a trocar ideias e sentimentos, construir uma intervenção particularizada. Sabiamente a professora Cristine Almeida enviou a seguinte mensagem: “Nós, adultos, somos os agentes que ajudam a criança a enfrentar o mundo. Generalizando, sim, todos nós cometemos erros com as crianças, cada um no seu grau. Nós, adultos, esquecemos de olhar a criança como criança, esperamos dela um comportamento de adulto, previsível e planejado. Isso, por si só, deveria ser considerado um tipo de transtorno, como dislexia e hiperatividade hoje são considerados. O nome deste transtorno que nós, adultos, cometemos com as crianças? Poderia ser algo relacionado à ‘Transtorno de dificuldade de diálogo com a criança’. Que tal?” (pág 191-192 - Cap. 14 - A melhor escola para seu filho)

Tempo extra garantido também nos vestibulares para portadores de dislexia

As universidades sempre respeitam esse direito. A Comissão Permanente dos Vestibulares da Universidade Estadual de Campinas (Comvest/Unicamp), por exemplo, avalia cada caso individualmente para poder atender aos disléxicos de maneira adequada durante as provas. Os candidatos devem avisar a instituição durante a inscrição e devem comprovar a situação através de laudo oficial, assinado por médicos. Como cada um tem uma necessidade específica, o procedimento vai depender do grau de dificuldade que eles têm. Mas a universidade disponibiliza desde tempo maior de prova, até leitores e escrevedores, se for o caso. 

Fuvest, fundação que realiza o vestibular da Universidade de São Paulo (USP) oferece 20% de tempo adicional para os candidatos nessa condição, que também deve ser informada no momento da inscrição. "Procuramos atender sua solicitação de ter ou não um fiscal só para ele. Durante a prova, este eventual atendente procura ajudar sem interferir. Às vezes, chega-se ao caso de ler a prova", disse o professor Roberto Costa.(**)

(*) e (**)
(http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL330560-5604,00-DISLEXICOS+PODEM+PEDIR+TEMPO+EXTRA+PARA+FAZER+PROVAS.html)





Marise Jalowitzki
Blog e site Compromisso Consciente

Escritora, Educadora, 
Idealizadora e Coordenadora do Curso para Coordenadores em Jogos e Vivências para Dinâmica de Grupos (níveis formação e master),
Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela FGV,
Facilitadora de Grupos em Desenvolvimento Humano,
Ambientalista de coração, Vegana.
Certificada como International Speaker pelo IFTDO-VA-USA
marisejalowitzki@gmail.com 
compromissoconsciente@gmail.com 





Livro: TDAH Crianças que Desafiam 
 
Como Lidar com o Déficit de Atenção e a Hiperatividade na Escola e na Família
Contra o uso indiscriminado de metilfenidato - Ritalina, Ritalina LA, Concerta

Para adquirir, acesse: 

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marisejalowitzki@gmail.com 
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TDAH Crianças que Desafiam





3 comentários:

  1. Eu sei exatamente o que sente a mãe do relato feito por Marise Jalowitzki. Tenho um filho com dislexia e TDH diagnosticado quando estava no 5º ano. Hoje ele vai cursar o 2 ano do ensino medio. Desde o ano passado foi matriculado em uma nova escola, porem minha luta é grande para que a direção permita que a psicopedagoga fale com os professores para orienta-los como trabalhar com meu filho. Sem preparo, os professores terminam punindo os jovens e julgando-os de desmotivados,preguiçosos,desinteressados entre outros adjetivos.

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    1. Infelizmente, ainda estamos tateando, no Brasil, em relação a efetivas práticas inclusivas. Um grande fórum de ideias precisa ser criado, em nível nacional, para que educadores saibam qual seu papel e quais as melhores formas de tratar os alunos ditos diferentes. E, ao mesmo tempo, é preciso que mais e mais pais e mães se posicionem, exijam, conversem, pleiteim, sugiram ações. Percebo, Maria, que não será apenas por força da lei que os pareceres escolares irão mudar. Será pela pressão e insistencia dos pais. A ti, desejo Perseverança e Foco em teu Propósito! A direção desta escola precisa abrir-se e receber as orientações da psicopedagoga. Temos de unir esforços em prol de maior conscientização em relação aos nossos pequenos e jovens! Força, amiga!

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  2. Ola, enfrento esses problemas há 5 anos. Hoje meu filho tem 9 anos, tem TDAH e dislexia. Faço uma pasta de laudos com relatos sobre o broblema dele e todo inicio de ano letivo peço uma reunião entre eu, professor e supervisor para q eles possam ajudar meu filho. Converso muito com a professora dele sobre as necessidades dele. Parei de trabalhar fora p me dedicar a ele. Temos uma rotina de estudos de 2 a 3 horas diárias em casa.me comunico c professora atravez da agenda dele, onde ela manda os recadinhos do q ele não conseguiu concluir em sala. Graças a Deus ta dando certo. Ele não lê, mas ouve com muito interesse e responde oralmente muito bem. Depois vai escrevendo as resposta do jeitinho dele, faltando e trocando letras e com o traçado bem forte ainda. Mas estou trabalhando p q ele supere tudo isso.

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