quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Terremoto severo no centro da Itália arrasa com cidades - Saiba o que fazer em caso de terremotos


Destruição causada por terremoto na localidade de Pescara del Tronto - centro da Itália - Foto EFE

Terremoto severo no centro da Itália arrasa com cidades - Saiba o que fazer em caso de terremotos

24.agosto.2016
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2016/08/terremoto-severo-no-centro-da-italia.html

Você sabe o que fazer em caso de terremoto? Querendo, leia aqui:

Dez Regras para Agir em
Terremotos -
Foto - Terremoto em Uberaba - MG


Marise Jalowitzki











Um forte terremoto atingiu a região central da Itália, matando ao menos 120 pessoas, segundo o premiê Matteo Renzi. Várias cidades e vilas foram destruídas principalmente nas províncias da Umbria, do Lazio e de Marche. A Defesa Civil da Itália descreveu o terremoto como "severo". "Foi tão forte. Parecia que a cama estava andando conosco sozinha no quarto", disse Lina Mercantini, de Ceselli, Província de Umbria, à agência de notícias Reuters. Editora do jornal britânico The Times , Emma Tucker estava na área do terremoto e disse à BBC que o abalo durou cerca de 20 segundos, seguido por um novo abalo da mesma intensidade 20 minutos depois."Estava totalmente escuro e muito frio. Ninguém no nosso grupo tinha a menor ideia do que fazer num terremoto", disse.A agência geológica dos Estados Unidos (USGS), que registra tremores em todo o mundo, estima que os danos poderão ser significativos, baseado em dados de outros abalos.O epicentro do terremoto foi perto da cidade de Norcia, na província da Umbria, cujo centro histórico é um ponto turístico popular. Mas o prefeito de Nórcia, Nicola Alemanno, disse que não há registro de mortes na cidade."As estruturas antissísmicas da cidade se mantiveram. Há danos ao patrimônio histórico e a prédios, mas não temos (registro de) ferimentos sérios." A região central da Itália, na área que abrange as Províncias da Umbria, Lazio e Marche, é bastante turística, e recebe muitos visitantes na alta temporada. (Fonte: BBC)
E mais:
Sismos induzidos podem acontecer quando há o
rompimento das placas, como no caso do vazamento
de petróleo no Rio de Janeiro, em novembro 2011
Qual a diferença entre sismos e terremotos 

Sismos Induzidos pela Ação Humana

Por Marise Jalowitzki
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2011/12/qual-diferenca-entre-sismos-e.html
Tremores de Terra continuam aumentando no Brasil

Por Marise Jalowitzki
04.novembro.2011
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2011/11/tremores-de-terra-e-outros-eventos.html

sábado, 13 de agosto de 2016

TDAH - O que fazer quando a criança interrompe a conversa familiar com um assunto nada-a-ver







Por Marise Jalowitzki
13.agosto.2016
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2016/08/tdah-o-que-fazer-quando-crianca.html


Uma pessoa pergunta: "O tdah fala algumas vezes assuntos que não tem nada a ver com a conversa?"
Primeiramente, preciso registrar a dor que me dá sempre que escuto ou leio alguém referir-se a uma pessoa como "um tdah", como se o rótulo fosse mais importante que a individualidade!! É muito duro isto em nossa sociedade, os adultos parecem não se dar conta do quanto estigmatizam alguém quando assim se referem. Há tantas outras habilidades, outras referencias, outras qualidades e características, comportamentos e reações, para tudo ser assim simplificado como um rótulo, de uma situação tão controversa  como é este tema, que ainda nem conseguiu comprovação científica geral se realmente uma doença mental já que nada pode ser verificado. Tudo decorre de relatos verbais de pessoas que convivem!  

Comentando sobre a pergunta:
A capacidade de "pensar em outra coisa" é inerente ao ser humano, Rosana, especialmente quando o assunto é chato ou a pessoa não está querendo mais ouvir e-ou participar. Algumas criançasmais sensíveis, independente de como foi enquadrada-diagnosticada, acaba sendo super-sincera. Ela tenta, de uma maneira gentil, dizer: "Este assunto é bem mais interessante! Vamos falar sobre isto?" Só que os adultos geralmente não entendem, acabam rindo (achando que é 'pirado') ou xingando ("cala a boca! só fala bobagem" e a criança, com o tempo, desenvolve outras maneiras de mostrar sua inquietude
Geralmente, a criança
- acaba se abstraindo cada vez mais das conversas, até se abstrair completamente, não participando mais dos assuntos. Por maisestranho que pareça, para muitas famílias, acaba sendo conveniente este silêncio, até mesmo um alívio!... se fica muito séria a abstenção, os pais (ou professores) se preocupam e a criança acaba sendo levada a um médico, por déficit de atenção... "ele parece estar sempre no mundo da lua, sabe nada de nada"... e recebe medicação para "se concentrar", sem que sequer os pais, familiares, educadores, revisem sua postura...
ou se irrita facilmente, aí, os pais se preocupam porque está agressivo (podendo bater, gritar) ... Aí os pais levam ao médico para que receba algum medicamento para tratar a agressividade... "sem causa"...

O que precisa acontecer é uma mudança nas relações familiares, em primeiro lugar, tentando a inserção dos pequenos diferentes, estimulando-0s bastante para que continuem participando das conversas, mesmo que, aparentemente, "nada-a-ver"... A mamãe pode, sorrindo, dizer: "Acho que nosso amadinho está sugerindo um outro assunto! Que tal falarmos sobre isso? Parece ser uma boa ideia!"

E, caso o tema que está sendo abordado até o momento seja sério e careça de continuidade, com tom brando e carinhoso, a mãe (ou o pai), pode dizer: "Querido, sei que este assunto é meio chatinho, mas a gente precisa terminar... daqui um pouco vamos conversar sobre isto que comentas, ok? Segura um pouco aí! Não esquece!"

Isto de "cortar" o assunto e focar em outro panorama é até mesmo uma técnica de PNL - Programação Neurolinguística para o que se chama "mudar de estado", excelente técnica para mudar o foco, especialmente em conflitos, quando a criança chora, em chatices...

A mudança na forma de como as pessoas se tratam dentro do círculo familiar, especialmente, é MUITO importante, pois entender, conhecer e respeitar o jeito de cada um é que promove a construção de uma autoestima sólida em cada componente do universo familiar. Este tema é abordado em capítulo específico no livro TDAH Crianças que Desafiam (Relações Familiares e TDAH).




E, nas escolas, necessário disseminar um projeto muito legal que já vem acontecendo em algumas instituições da Educação Infantil, chamado "Roda de Conversa", onde a criança aprende a participar, se disciplinar para aprender a ouvir os demais, onde ela é aplaudida sempre que participa quando lhe é solicitado. 

Previsto no PNAIC - Plano Nacional de Aprendizagem na Idade Certa, é meu parecer que deva ser estimulado também em todas as demais séries, tipo dinâmica de grupo (Capitulos 14, 15 e 16 do Livro TDAH Crianças que Desafiam).


Vamos valorizar o jeitinho de ser de cada um, para que não se perca a espontaneidade, a genuína capacidade de se comunicar e se fazer entender no mundo!



https://www.youtube.com/watch?v=OorZcOzNcgE 

Child In Time



Doce criança no tempo, você verá a fronteira
A fronteira que foi desenhada entre o bem e o mal
Veja um homem cego atirando ao mundo
Balas voando, levando tristeza
Se você tem sido mau, Senhor eu aposto que sim
E você não se feriu por uma bala perdida
Você deve fechar seu olhos e curvar sua cabeça
Espere o ricochete

Sweet child in time you'll see the line
The line that's drawn between the good and the bad
See the blind man shooting at the world
Bullets flying taking toll
If you've been bad, Lord I bet you have
And you've been hit by flying lead
You'd better close your eyes and bow your head
And wait for the ricochet










 Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista.Especialista em Desenvolvimento Humano, defensora de uma infância saudável, antimedicalização. Escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com 
blogs:
www.compromissoconsciente.blogspot.com.br


LIVRO TDAH CRIANÇAS QUE DESAFIAM
Informações, esclarecimentos, denúncias, relatos e dicas práticas de como lidar 
Déficit de Atenção e Hiperatividade


 



Michael Phelps só tomou ritalina dos 9 aos 11 anos, por decisão da mãe Campeão olímpico disse NÃO às drogas para TDAH e focou no esporte






Por Marise Jalowitzki
Publicado neste blog em 13.agosto.2016


Vamos contar a história real?
Ando recebendo um link divulgado pela "associação brasileira", que é patrocinada pelas fabricantes dos psicotrópicos para tdah, sobre o brilho de Michael Phelps, o campeão olímpico mais laureado da história das Olimpíadas. O texto, entre outras considerações,enfatiza que Phelps "...Com a ajuda de tratamento - terapia medicamentosa e psicoterapia - com o apoio de sua mãe, Michael foi capaz de canalizar suas energias para a natação, tornando-se o mais jovem titular do sexo masculino nos esportes modernos, aos 15 anos de idade." ISTO NÃO É VERDADE! Phelps não fez uso de psicotrópicos para SUPERAR seus sintomas-características. Ele BANIU o uso da ritalina 2 anos depois que a mãe o introduziu neste "tratamento"!!
A real: aos 9 anos, depois de um divórcio conturbado entre seus pais, a mãe decidiu levá-lo a um neuro para trabalhar as questões da distração. Receitaram ritalina, claro. O que o texto mencionado acima (da "associação") não diz é que, dois anos depois, portanto, com 11 anos de idade, Phelps não aguentava mais o bullying pelas suas orelhas de abano e pela zoação por ter de ir ao meio dia, todos os dias, até a secretaria tomar a "pílula da obediência" e foi aí, aos 11 anos, que decidiu não mais tomar medicamento algum para tdah (adhd, na sigla, em inglês). Chegou em casa e disse para a mãe: "Não vou mais tomar estes remédios" passando a focar especificamente no esporte. "Out of the blue" - ele disse, relata a mãe ("fora do azul", referindo-se ao comprimido ritalina).
Aliás, os psicotrópicos receitados para tdah inviabilizam a atividade olímpica, sendo considerados dopping...
Ainda, em um video documentário recente, Michael Phelps fala de sua crise em 2014, onde esteve à beira do abismo, pensando em se suicidar e seu espetacular retorno após ouvir conselhos do amigo Ray Lewis, internar-se em uma clínica e ler um livro motivador (Uma Vida com Propósitos, de Rick Warren). No video-documentário, aparece no reencontro com o pai, emocionante reconhecimento de ambos sobre amor-distante. Hoje, o pai de Michael aparece abraçando o filho e o neto. Senti a falta da mãe de Michael, que só aparece no video uma única vez, em uma foto antiga. A mãe, atualmente, é contratada para dar palestras pela fabricante do concerta (psicotrópico que Phelps nunca tomou) e, mesmo sem citar, em suas falas, o uso dos controlados tarjados, a empresa farmacêrutica (claro!) se beneficia com o lobby,como vemos no artigo citado no início deste post (divulgado pela associação brasileira)...
Michael Phelps está de volta, pleno de medalhas, com uma família estruturada, esposa e filho que ele adora e que o amam também.
Vamos contar a historia real?
Assista o video Prisão e suicídio - Como a Olimpíada no Rio evitou o fim de Michael Phelps - legendado em português conheça o emocionante relato de Phelps, pai, esposa, treinador e amigos. Clique:http://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br/2016/08/prisao-e-suicidio-como-olimpiada-no-rio.html
Para ler o texto original sobre a decisão de Michael Phelps em largar as drogas para tdah:
Olimpíadas Rio 2016 
Texto original publicado em 26 de agosto de 2008
Texto publicado neste blog: 11.agosto.2016
http://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br/2016/08/michael-phelps-disse-nao-as-drogas-tdah.html




Para uma amiga que enviou o texto da "associação brasileira" para publicação, tive de devolvê-lo com os seguintes dizeres (depois, deixei o link deste artigo e agradeci a participação):
"Querida, contato para informar que o post que destinaste para divulgação no grupo TDAH CRIANÇAS QUE DESAFIAM não será liberado por dois motivos:
1º O texto traz inverdades, já que dá a entender que com ajuda medicamentosa (e terapia) é que o atleta (naquela época, menino) conseguiu ir pra frente. Na verdade, foi o contrário: foi quando ele decidiu parar (depois de tomar ritalina por imposição da mãe por dois anos) é que focou no esporte e foi pra frente!
2º esta "associação brasileira" que postou o artigo, é patrocinada pelos fabricantes da ritalina concerta e venvanse! Lógico que vão fazer de um tudo pra promover os medicamentos...
Agora me diz: QUAL atleta olímpico pode tomar psicotrópicos e não ser pego no antidopping??? Querendo, dá uma olhadinha aqui.
 Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista.Especialista em Desenvolvimento Humano, defensora de uma infância saudável, antimedicalização. Escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com 
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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Doenças mentais não se devem a alterações químicas do cérebro, diz Whitaker


"A psiquiatria está em crise."





Por 
Publicação original - 06.fevereiro.2016
Neste blog: 03.agosto.2016
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2016/08/doencas-mentais-nao-se-devem-alteracoes.html


Tudo começou com duas perguntas. Como é possível que os pacientes de esquizofrenia evoluam melhor em países onde são menos medicados, como a Índia e a Nigéria, do que em nações como os Estados Unidos? E como se explica, tal como proclamou em 1994 a Escola de Medicina de Harvard, que a evolução dos pacientes de esquizofrenia tenha piorado com a implantação de medicamentos, em relação aos anos setenta? Essas duas perguntas inspiraram Robert Whitaker a escrever uma série de reportagens para o jornal Boston Globe – finalista do prêmio Pulitzer de Serviço Público – e dois polêmicos livros. O segundo, Anatomy of an Epidemic (“Anatomia de uma epidemia”, em tradução literal), foi premiado como o melhor livro investigativo de 2010 por editores e jornalistas norte-americanos.

No decorrer dessa pesquisa, surgiu uma corrente de dados avassaladores: em 1955, havia 355.000 pessoas em hospitais com um diagnóstico psiquiátrico nos Estados Unidos; em 1987, 1,25 milhão de pessoas no país recebia aposentadoria por invalidez por causa de alguma doença mental; em 2007, eram 4 milhões. No ano passado, 5 milhões. O que estamos fazendo de errado?
Whitaker (Denver, Colorado, 1952) se apresenta, humildemente, com as mãos nos bolsos, em um hotel de Alcalá de Henares, na periferia de Madri. Sua cruzada contra os comprimidos como solução contra os distúrbios mentais não vai mal. Prestigiadas escolas de medicina o convidam a explicar seus trabalhos. “O debate está aberto nos Estados Unidos. A psiquiatria está entrando em um novo período de crise no país, porque a história que nos contaram desde os anos oitenta caiu por terra”.
Pergunta. No que consiste essa história falsa que, segundo o senhor, nos foi contada?
Resposta. A história falsa nos Estados Unidos e em parte do mundo desenvolvido é que a causa da esquizofrenia e da depressão seria biológica. Foi dito que esses distúrbios se deviam a desequilíbrios químicos no cérebro: na esquizofrenia, por excesso de dopamina; na depressão, por falta de serotonina. E nos disseram que havia medicamentos que resolviam o problema, assim como a insulina faz pelos diabéticos.
P. Em Anatomy of an Epidemic, o senhor afirma que os psiquiatras aceitaram a teoria do desequilíbrio químico porque prescrever comprimidos os fazia parecer mais médicos, os igualava aos colegas de profissão.
R. Nos Estados Unidos e em muitos outros lugares, os psiquiatras sempre tiveram um complexo de inferioridade. O restante dos médicos costumava enxergá-los como se não fossem médicos autênticos. Nos anos setenta, quando faziam seus diagnósticos baseando-se em ideias freudianas, eram muito criticados. E como poderiam reconstruir sua imagem diante do público? Vestiram suas roupas brancas, o que lhes dava autoridade. E começaram a se chamar a si mesmos de psicofarmacólogos quando passaram a prescrever medicamentos. A imagem deles melhorou. O poder deles aumentou. Nos anos oitenta, começaram a fazer propaganda desse modelo, e nos noventa, a profissão já não prestava atenção a seus próprios estudos científicos. Eles acreditavam em sua própria propaganda.
P. Mas isso parece um exagero, não? É afirmar que os profissionais não levaram em conta o efeito que esses remédios poderiam ter na população.
R. É uma traição. Foi uma história que melhorou a imagem pública da psiquiatria e ajudou a vender medicamentos. No final dos anos oitenta, o comércio desses fármacos movimentava 800 milhões de dólares por ano. Vinte anos mais tarde, já eram 40 bilhões de dólares.
P. E agora o senhor afirma que há uma epidemia de doenças mentais criadas pelos próprios medicamentos.
R. Se estudarmos a literatura científica, observamos que já estamos utilizando esses remédios há 50 anos. Em geral, o que eles fazem é aumentar a cronicidade desses transtornos.
P. O que o senhor diz para as pessoas que tomam remédios? Alguns talvez não precisem, mas outros talvez sim. Essa mensagem, se for mal interpretada, pode ser perigosa.
R. Sim, é verdade. Pode ser perigosa. Bom, se a medicação funciona, fantástico. Há pessoas para quem isso funciona. Além disso, o cérebro se adapta aos comprimidos, o que significa que retirá-los pode ter efeitos graves. O que falamos no livro é sobre o resultado de maneira geral. Não sou médico. Sou jornalista. O livro não traz conselhos médicos, não é para uso individual. É para que a sociedade se pergunte: nós organizamos o atendimento psiquiátrico em torno de uma história cientificamente correta ou não?
A trajetória de Whitaker não foi fácil. Apesar de seu livro contar com muitas evidências e ter recebido muitos prêmios, a obra desafiou os critérios da Associação Norte-Americana de Psiquiatria (APA) e os interesses da indústria farmacêutica.
Mas, a essa altura, ele se sente recompensado. Em 2010, seus postulados eram vistos como uma “heresia”, segundo ele mesmo define. Desde então, novos estudos foram na direção para a qual ele apontava. Entre eles, os trabalhos do psiquiatras Martin Harrow e Lex Wunderink e o fato de a prestigiada revista científica British Journal of Psychiatry já assumir que é preciso repensar o uso de medicamentos. “Os comprimidos podem servir para esconder o mal-estar, para esconder a angústia. Mas não são curativos, não produzem um estado de felicidade”.
P. Vivemos em uma sociedade na qual precisamos pensar que os remédios podem resolver tudo?
R. Foi o que nos incentivaram a acreditar. Nos anos cinquenta, foram produzidos avanços médicos incríveis, como os antibióticos. Nos anos sessenta, a sociedade norte-americana começou a achar que havia uma fórmula mágica para curar muitos problemas. Na década de oitenta, foi promovida a ideia de que se uma pessoa estava deprimida, não era pelo contexto de sua vida, mas sim porque ela tinha um distúrbio mental – era uma questão química e havia um remédio que a faria se sentir melhor. O que se promoveu nos Estados Unidos, na realidade, foi uma nova forma de viver, que foi exportada para o resto do mundo. A nova filosofia era: você precisa ser feliz o tempo todo e, se não for, temos uma pílula.Mas o que sabemos é que crescer é difícil, surge todo tipo de emoções e é preciso aprender a organizar o comportamento.
P. Buscamos o conforto e o mundo vai se parecendo com aquele descrito por Aldous Huxley em Admirável Mundo Novo...
R. Desde agora. Perdemos a noção de que o sofrimento faz parte da vida, de que às vezes é muito difícil controlar a própria mente. As emoções que sentimos hoje podem ser muito diferentes daquelas da semana ou do ano seguintes. E nos fizeram ficar alertas o tempo todo em relação a nossas emoções.
P. Centrados demais em nós mesmos...
R. Exatamente. Se nos sentimos infelizes, pensamos que há algo errado conosco. Antes, as pessoas sabiam que era preciso lutar na vida; e não se incentivava tanto que pensassem em seu estado emocional. Com as crianças, se elas não comportam bem na escola ou não vão bem, logo alguém as diagnostica com déficit de atenção e diz que é preciso tratá-las.
P. A indústria ou a APA estão criando novas doenças que, na realidade, não existem?
R. Estão criando mercado para seus remédios e estão criando pacientes. Ou seja, se olharmos do ponto de vista comercial, o êxito desse setor é extraordinário. Temos pílulas para a felicidade, para a ansiedade, para que seu filho vá melhor na escola. O transtorno por déficit de atenção e hiperatividade é uma fantasia. É algo que não existia antes dos anos noventa.
P. A ansiedade pode se transformar em distúrbio?
R. A ansiedade e a depressão não estão muito longe uma da outra. Há pessoas que experimentam estados avançados de ansiedade, mas estar vivo é, muitas vezes, estar ansioso. Isso começou a mudar com a introdução dos benzodiazepínicos, com o Valium. A ansiedade deixou de ser um estado normal da vida para ser apresentada como um problema biológico. Nos anos oitenta, a APA pega esse amplo conceito de ansiedade e neurose, que é um conceito freudiano, e começa a associar a ele doenças como o transtorno do estresse pós-traumático. Mas não há ciência por trás dessas mudanças.
Robert Whitaker é jornalista investigativo, reconhecido internacionalmente, autor. Site MadAmerica

Fonte deste artigo: El País
http://brasil.elpais.com/brasil/2016/02/05/ciencia/1454701470_718224.html?id_externo_rsoc=Fb_CM




 Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com 

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LIVRO TDAH CRIANÇAS QUE DESAFIAM
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