segunda-feira, 29 de junho de 2015

John Nash largou a esquizofrenia na década de 80. Por que isto não foi largamente comentado pela mídia e classe médica?


“Saí do meu pensamento irracional sem nenhum medicamento além das mudanças hormonais naturais do envelhecimento”, escreveu o matemático em 1996. O abandono dos medicamentos aconteceu já na década de 1980, sem receber a ampla divulgação que um feito assim mereceria, principalmente para os que possuem os mesmos sintomas e continuam padecendo!

John Nash - prêmio Nobel de Economia em 1994 e Abel 2015, de Matemática, pela Academia Norueguesa de Ciências e Letras.




Por Marise Jalowitzki
31.maio.2015 e publicado-atualizado em 29.junho.2015
textos em tradução livre
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2015/06/john-nash-largou-esquizofrenia-na.html

A Teoria dos Jogos, de John Nash, sempre norteou a minha atividade com Jogos, atividade que incorporei por mais de duas décadas em meu desempenho profissional na área de Desenvolvimento Humano. Os jogos interativos, onde a ideia não é apenas vencer sozinho e, sim, em equipe, podem levar a resultados altamente satisfatórios e surpreendentes. E a contrapartida, os jogos não interativos, igualmente surpreendem! 

Nash, além de uma mente brilhante (nome também do filme ao qual cedeu sua experiência com a esquizofrenia) na matemática, também legou, com o resultado de seu trabalho, grandes avanços na economia e em todas as ciências sociais. Sua Teoria dos Jogos é onipresente na economia, além de ser aplicada frequentemente em outros campos, como a biologia evolutiva.

Esquizofrenia, psicotrópicos, choques e o stop

A esquizofrenia é tida como um dos maiores tormentos do mundo moderno e o número de diagnosticados cresce a cada ano. Dentro das outras medicinas, tidas algumas como alternativas, existem diferentes abordagens. Vários especialistas enxergam com diferentes visões a 'existência de vozes', a 'mania de perseguição', a intuição de ideias, a criação de mundos paralelos. Enxergam a agressividade como uma decorrência da pressão recebida. Há os que digam que o grande sofrimento psíquico é fruto, notadamente, da incompreensão e do uso de psicotrópicos diversos. Há especialistas que consideram que, quando há um componente religioso forte, este quadro pode ser visto de outra forma. E, na melhora, como no caso do eminente matemático, existe também a  comprovação de um forte componente emocional: a força do carinho, apoio e dedicação, juntamente com o natural processo de envelhecimento.

Depois de anos de internação e de terapias de choque sem resultado, Nash acabou se recuperando quando decidiu não mais ficar doente, após mais de 5 décadas de convivência com os sintomas, conforme suas próprias declarações.

Graças também ao apoio de Alice, sua esposa, ele aprendeu a controlar suas alucinações e retornar à docência e à pesquisa nos anos 90.

Desde 2001, John e Alice Nash , quando voltaram a se casar, continuavam a trabalhar juntos em temas ligados à saúde mental.



Deixo as seguintes perguntas:

1) Nash largou todos os medicamentos que usava para a sua diagnosticada esquizofrenia na década de 80, conforme declarações dele mesmo. Por que isto não foi largamente comentado pela mídia e classe médica? Mais pesquisado e divulgado? Que 'influências do processo de envelhecimento' seriam essas?

Sabemos que um número reduzido de indivíduos diminui os sintomas à medida que avançam em idade, ou estes sintomas, notadamente, desaparecem, só que esta é uma informação que carece de mais detalhes!

O produtor do filme Uma Mente Brilhante (baseado em sua biografia) disse a J.Nash que a não divulgação (de que havia largado os psicofármacos) era "para não alardear e criar falsas expectativas"...mas, isso também não está contemplado quando se receitam psicotrópicos??...

Nash, nas declarações que resultaram em sua biografia e, mais tarde, no filme, afirmou que "o uso de drogas psicotrópicas é avaliado em excesso e que os efeitos adversos não são levados em consideração o suficiente depois que alguém é considerado mentalmente doente". (Entrevista pbs)




2) O filme Uma Mente Brilhante, que retrata a luta de John Nash com a esquizofrenia, foi lançado em 2000 e termina com a clara mensagem de que, sob o uso de medicação estrita e pela força do amor de sua companheira, ele pôde seguir adiante a sua vida, com dignidade.

Ele largou os medicamentos no início da década de 80 e o filme Uma Mente Brilhante foi lançado em 2000. O filme termina o relato da vida do célebre matemático como um eterno dependente do uso dos remédios psicotrópicos, mesmo ele já os tendo largado há quase duas décadas. Será que não perceberam o quanto de útil teria sido este aceno de cura caso o final do filme tivesse mostrado a realidade - o abandono medicamentoso que pode acontecer para alguns? Ou o interesse das farmacêuticas esteve também presente ali?

3) Não pensaram no que pode representar de alento, para os pacientes que sofrem com esta doença, o fato de que, sim, com o tempo, com carinho e compreensão e, em decorrência do envelhecimento, a esquizofrenia poder "ser abandonada" (expressão de Nash)? Esta perspectiva é um super alento e pode, inclusive, livrar pessoas de internações, especialmente no final da vida, quando a sociedade - incluindo a família - pode ficar propensa a 'jogar-a-toalha", desistir!

4) Como andam os resultados das investigações sobre a realidade do acidente com Nash e esposa? Ou vai simplesmente ficar assim?

Sim, pois a polícia local anunciou que iria aprofundar as causas reais do acidente. E algumas coisas podem ser consideradas, no mínimo, pouco assessoradas.

Como um homem assim famoso, voltando de receber um prêmio mundial, já sendo um Nobel conhecido, chega apenas 10min antes do previsto e a limusine contratada ainda não está lá, esperando? Os dois, Nash e esposa, decidem pegar um taxi. O taxi que aparece era de um motorista de caminhão, com apenas duas semanas de experiência na praça. Eles viajam sem cinto de segurança.

O motorista teria perdido o controle e o carro bate na marquise da ponte. A velocidade e a imprudência é tamanha que os dois são arremessados para fora do carro e morrem ali mesmo. O motorista, apenas ferimentos leves. (Dailymail)

Só resta lamentar a morte, quando um novo livro e muitas outras ideias ainda estavam a caminho.

E divulgar que a esquizofrenia pode, sim, em alguns casos, ser contornada sem remedios, especialmente quando há compreensão e companheirismo, ainda que os anos já tenham machucado bastante o indivíduo e a família.

John Nash e esposa Alicia Nash, um exemplo de companheirismo e dedicação, retratado em 2012. Os dois morreram em um acidente de táxi em Nova Jersey.

John Nash morreu dia 23 de maio último (2015), juntamente com sua esposa, ambos vítimas de acidente de carro, quando voltava de uma viagem à Noruega, onde foi receber o prêmio Abel 2015, de Matemática, pela Academia Norueguesa de Ciências e Letras. "O prêmio foi entregue pelo Rei Harald V da Noruega em uma cerimônia em 19 de maio de 2015 na Universidade de Oslo." ( Princeton University )

 "Em 1951 ele se juntou ao corpo docente do Instituto de Tecnologia de Massachusetts em Cambridge. Sua batalha com esquizofrenia começou por volta de 1958, e a luta com esta doença continuaria por muito de sua vida. Nash acabou retornando para a comunidade de Princeton. Ele foi premiado com o Prêmio Nobel de Economia em 1994." (Gothamist )


Conhecido como brilhante e excêntrico, Nash esteve associado à Universidade de Princeton por muitos anos, mais recentemente atuando como um matemático de pesquisa sênior.

Ele ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 1994 por seu trabalho na teoria dos jogos, que ofereceu uma visão sobre a dinâmica da rivalidade humana. É considerada uma das ideias mais influentes do século 20.


'Notáveis ​​realizações de John inspiraram gerações de matemáticos, economistas e cientistas que foram influenciados por sua brilhante atuação, inovador trabalho na teoria dos jogos, e a história de sua vida com Alicia moveu milhões de leitores e os espectadores que se maravilharam com a sua coragem em face de desafios assustadores ", disse Eisgruber em  um comunicado. ( Dailymail )





Nash (centro) é o segundo investigador Princeton consecutivo a receber o Prêmio Abel. Yakov Sinai (à direita), um professor de matemática de Princeton, foi agraciado pela primeira vez com o Prêmio Abel 2014 por sua influente carreira em matemática, durante 50 anos. Michail Rassias (à esquerda), estava trabalhando em um próximo livro com Nash. (Danielle Alio, Office of Communications - Foto Princeton edu )



"Muitos anos mais tarde, aos 86 anos, com uma reputação na fronteira com a lenda-viva, Nash continua a ser inspirador e acessível para as novas gerações de matemáticos", declarava Michail Rassias, um associado da Princeton, de pesquisa de pós-doutorado em matemática. Rassias estava trabalhando em um próximo livro com Nash, pouco antes do amigo e mestre morrer tragicamente .
"Ele está sempre aberto a qualquer pessoa que tenha dúvidas. Ele tem uma maneira fácil e amigável", disse Rassias.
"Trabalhar com ele é uma experiência surpreendente -. Ele pensa de forma diferente do que a maioria dos outros matemáticos que eu já conheci. Ele é extremamente brilhante e tem toda essa experiência", disse Rassias. "Se você fosse um músico e tivesse a oportunidade de trabalhar com Beethoven e compor uma música com ele, seria surpreendente. É a mesma coisa." (Princeton Edu )


Filme Uma Mente Brilhante - o inspirador e o ator 


Alice

'Na década de 50, quando já era professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Nash conheceu Alice, uma estudante de origem salvadorenha.
Eles se casaram em 1957 – e acabaram se separando seis anos mais tarde, embora Alice continuasse a ser uma figura-chave na luta do matemático contra a esquizofrenia.
Depois de anos de internação e de terapias de choque sem resultado, Nash acabou se recuperando aparentemente quando decidou não mais ficar doente, nos anos 80.
“Saí do meu pensamento irracional sem nenhum medicamento além das mudanças hormonais naturais do envelhecimento”, escreveu o matemático em 1996.
Graças também ao apoio de Alice, ele aprendeu a controlar suas alucinações e retornar à docência e à pesquisa nos anos 90. E os dois voltaram a se casar em 2001 – ambos trabalhavam juntos em temas ligados à saúde mental.'(BBC)

John Forbes Nash Jr. foi um matemático norte-americano que trabalhou com teoria dos jogos, geometria diferencial e equações diferenciais parciais, servindo como Matemático Senior de Investigação na Universidade de Princeton
Nasceu na Virginia, EUA, aos 13 de junho de 1928 e morreu aos 86 anos em 23 de maio de 2015

Como ficou o táxi que conduziu o casal:  https://www.youtube.com/watch?v=gN-NmtC6HXU
John Forbes Nash Jr. ganhou o prêmio Nobel 1994 em Economia, juntamente com John C Harsanyi e Reinhard Selten, por seu trabalho sobre a teoria dos jogos. Nash foi a público sobre sua luta com esquizofrenia, especialmente no filme Mente Brilhante.


Equilíbrio

'Nascido em Bluefield, no estado americano de Virginia, em 1928, Nash primeiramente estudou engenharia química na Universidade Carnegie Mellon, onde um de seus professores o convenceu a se especializar em matemática.
Assim, ele se transferiu para a Universidade de Princeton, onde obteve seu doutorado aos 21 anos com sua Teoria sobre os Jogos.
Foi nessa época que o futuro prêmio Nobel começou a desenvolver o chamado “equilíbro de Nash” ou a Teoria dos Jogos, uma de suas principais atribuições na área da matemática que se volta à análise dos processos de tomada de decisões.
Segundo sua teoria, a competição entre dois oponentes pode também ser influenciada pela cooperação entre eles. Por exemplo, os dois rivais podem, individualmente conseguir seus objetivos máximos se cooperarem ou com o outro, ou não ganhar nada caso se neguem a cooperar.
A vitória ou derrota de uma competição se equilibra com exatidão com as derrotas e as vitórias dos outros participantes.'

'A teoria é hoje onipresente na economia e em todas as ciências sociais, além de ser aplicada frequentemente em outros campos, como a biologia evolutiva.' (BBC)

John F. Nash Jr. - Fatos

John F. Nash Jr.
John F. Nash Jr.
Data de Nascimento: 13 de junho de 1928 , Bluefield, WV, EUA
Morreu em: 23 de maio de 2015 , New Jersey, NJ, EUA
Filiação no momento da concessão: Universidade de Princeton, Princeton, NJ, EUA
Prêmio motivação: "para a sua análise pioneira do equilíbrio na teoria dos jogos não-cooperativos"
Field: teoria dos jogos
Contribuição: introduziu a distinção entre jogos cooperativos, em que podem ser feitos acordos vinculativos, e os jogos não-cooperativos, em que os acordos vinculativos não são viáveis.Desenvolveu um conceito de equilíbrio para jogos não-cooperativos que agora é chamado de equilíbrio de Nash.


















"Suas teorias são usadas na economia, computação,biologia evolutiva, inteligência artificial, contabilidade, ciências da computação (algoritmo minimax, que é baseado no equilíbrio de Nash), jogos de habilidade, política e teoria militar." (wikipedia - england)

Mais Videos:
AQUI O FILME COMPLETO: UMA MENTE BRILHANTE (dublado em português)
https://www.youtube.com/watch?v=iToNGBtepGg

Video curto (21seg) noticiando a morte em português (Portugal) - https://www.youtube.com/watch?v=CXMfe14X4yM

Estudos sobre saúde mental onde Nash foi um dos pesquisadores ou entrevistado, incluindo a biografia que resultou no livro e, depois, no filme:
Medicação - psicotrópicos em excesso: http://www.pbs.org/wgbh/amex/nash/sfeature/sf_nash_11.html
http://bjp.rcpsych.org/content/193/3/229.short



Apenso em 30.junho.2015:
Vou continuar pesquisando.
O caso de Nash não foi um caso isolado.
de 30 a 40% melhoram ou curam definitivamente com a idade, depois que retiram a medicação psicotrópica!! (Whitaker) - Temos de pesquisar mais e divulgar mais o que ficamos sabendo! 

"Em 1987, o psicólogo Courtenay Harding informou que um terço dos pacientes com esquizofrenia crônica liberado do Hospital do estado de Vermont em 1950 estavam completamente recuperados. Todos neste grupo de "melhores-resultados" partilhavam um fator comum: Todos haviam se retirado dos medicamentos anti-psicóticos. A noção de que os esquizofrênicos devem passar a vida inteira com esses medicamentos, concluiu, é um "mito". "

http://usatoday30.usatoday.com/news/opinion/2002/03/04/ncguest2.htm




 Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com 

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