quinta-feira, 23 de abril de 2015

Velório e Enterro do Peixinho Vermelho e outro - A Morte, a Perda, a Percepção das Crianças Pequenas







Por Marise Jalowitzki
23.abril.2015
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2015/04/velorio-e-enterro-do-peixinho-vermelho.html


Muita, muita gente se maravilhando com as crianças ultra sensíveis que, cada vez mais, povoam nosso planeta. Alguns as chamam Crianças Cristal. Juro que me angustio, por vezes, ao ver como os pais conduzem, quase sempre, a situação de seus pimpolhos.

O que vejo hoje ou são mães e pais que lidam com muita rudeza, querendo que "aprendam o que é a Vida" ou superprotegendo, endeusando, acreditando que "seu filho/a já está pronto/a", o que não é verdade! Eles enxergam a vida de um jeito diferente só que, até a mudança acontecer no planeta, terão de entender algumas coisas bem pouco atrativas neste mundão.

Como lidar com o Cristal Bonito?

Se não soubermos conduzir com Cuidado, Apoio, Carinho e Entendimento, Alimentação adequada, vida tranquila, estas crianças serão fortes candidatas à depressão!

Na minha percepção, a solidariedade e a condução firme, enquanto adultos, é que poderá ser a ponte que levará a humanidade da aridez de sentimentos à convivência harmônica e solidária.


Outro dia vi um video que uma mãe filmou de seu filhotinho de mais ou menos dois anos, acarinhando o peixinho vermelho que acabara de morrer. Ela falava com seu pimpolho, dizendo: "Morreu, ele morreu!" 

Depois, orientou que ele se despedisse dele e o colocasse no vaso sanitário e empurrar a descarga. O pranto convulsivo do menino quando o peixinho desceu e sumiu foi de cortar o coração! 

Como os pais acreditam que os filhos pequenos lidam com o "não ver nunca mais"?

Mais uma vez, ficou comprovado o despreparo! 

A mãe filmou, vai ganhar vários clics nas redes sociais...mas, o que ela fez, o que ela soube fazer em relação ao sentimento do seu pequeno filho? 
Como ela explicou o fenômeno da morte (que machuca a tod@s, mesmo os que se julgam mais preparados)? 
Enterrar nossos entes queridos ou cremar, sempre há um ponto de referência, seja o cemitério, seja um lago, a montanha, um canyon.

Quando éramos crianças e perdíamos algum bichinho, a mãe nos encaminhava a um velório e enterro piedoso, com direito a cruzinha, florzinha e tudo o mais, fosse para peixinho, passarinho encontrado morto, gatinho atropelado, cachorrinho envenenado por uma vizinha horrível, patinho apedrejado ou pintinho morto por febre e "pipoca"... 

Havia um "local de encontro", de referência da partida... Dias depois, por vezes, íamos lá, desenterrávamos o bichinho, olhávamos horrorizados - ou enternecidos - a transformação que acontecia. 
Ou, apenas escutávamos o que a mãe nos contava sobre esta transformação. Doía menos, pois tínhamos a referência, e o direito de vivenciar o luto, coisa tão necessária sempre, seja na idade que for! 
Agora, assim abrupto, a mesma descarga que leva o seu cocô ou xixi, levar para sempre o peixinho pet, como ficou no coraçãozinho do garoto? Um lugar respeitoso, fosse um vaso de flor, ou uma ida ao parque. Isto proporcionaria uma lembrança digna! E, mesmo que esquecesse - sim, o inconsciente abriga tantas coisas - seria uma lembrança piedosa!


Que possamos estar preparados para compreender cada vez mais estas crianças assim sensíveis e ajudá-las a enfrentar um mundo tão árido como o nosso!
Se não soubermos conduzir com Cuidado, Apoio, Carinho e Entendimento, o que será deste cristal bonito?


Estas crianças precisam ser conduzidas com Cuidado, Apoio, Carinho e Entendimento, Alimentação adequada, vida tranquila, para poderem enfrentar tanto desacerto no mundo de hoje, que prioriza o Ter em detrimento do Ser, coisa que, absolutamente, estas crianças não entendem!

Marise Jalowitzki

Video de bebê que se emociona vendo filme infantil:
https://www.facebook.com/alihadi.info/videos/742222399202643/?pnref=story



Sim, precisamos abraçar muito mais nossas crianças, incluindo nossa própria e querida criança interior, que clama todos os dias, quietinha, lá num cantinho de nosso coração, esperando por um carinho que, por vezes, esquecemos de dar!!




 Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com 

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