quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Enredo da Beija Flor patrocinado por um ditador - quais os critérios para incentivo ao carnaval?

O ditador da Guiné Equatorial pagou 10 milhões de dólares para ganhar o enredo da escola. Foi justamente no quesito enredo que a Beija Flor venceu... 



Há anos pequenos grupos de cidadãos se mobilizam para tentar estabelecer critérios éticos para a realização da festa popular.
Charges e paródias denunciam. Pouco artigos sérios são veiculados. A midia aberta não comenta.

Empresas multinacionais arroladas em escândalos ambientais patrocinam. Agora, também ditadores estrangeiros? Não é sem razão que Kiko Nogueira pergunta: "E se o estado islâmico patrocinasse, aceitaríamos, também?"

Por Marise Jalowitzki
18.fevereiro.2015
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2015/02/enredo-da-beija-flor-patrocinado-por-um.html

Você sabia que o financiamento do enredo da Beija Flor aconteceu pelo ditador africano Teodoro Obiang, da Guiné Equatorial, com a maioria da população de seu país agonizando?

Foram 10 milhões de dólares

Querendo, leia também: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/e-se-o-estado-islamico-quisesse-patrocinar-uma-escola-de-samba/

Isso, sem falar na questão dos bicheiros e dinheiro público, promovendo turismo sexual. (Como na Copa do Mundo, onde a jornalista incentivou em sua reportagem: E você, que está solteira, aproveite p arrumar um namorado gringo...)

"A Guiné Equatorial é um país miserável, mas é também o terceiro maior produtor de petróleo da África. Só perde para a Nigéria e Angola. Obiang concentra em suas mãos todos os poderes e governa por decreto. Faz o que quer.

Ai de quem o desafie. Seu tio, Francisco Macías, ditador anterior a ele, desafiou Obiang que o ajudava a governar. Pois acabou deposto no segundo semestre de 1979 e fuzilado pelo sobrinho. Foi um dos golpes mais sangrentos da África. Desde então o medo se abateu sobre o país. A ponto de as pessoas fugirem se alguém lhes aponta uma inocente máquina fotográfica. Receiam estar sendo alvo da curiosidade do serviço de espionagem do governo."Leia mais em http://oglobo.globo.com/rio/carnaval/2015/presidente-da-guine-equatorial-da-10-milhoes-para-desfile-da-beija-flor-que-exalta-pais-15303852#ixzz3S6f2iWLR 

"Seu hobby carnavalesco contagiou sua família, e entre os parentes que costumam acompanhá-lo está sempre seu primogênito, Teodoro Nguema Obiang Mangue, “Teodorin”, um dos vice-presidentes do país e favorito para suceder o sanguinário ditador, que impôs um regime de terror desde sua chegada ao poder, cuja brutalidade é denunciada sistematicamente há décadas por organizações internacionais de direitos humanos." El País - http://brasil.elpais.com/brasil/2015/02/12/politica/1423700885_880122.html

Em 2013 a Basf, uma das empresas de fertilizantes e agrotóxicos mais conhecidas no mundo, patrocinou a Vila Isabel, "homenageando o homem do campo".

“A Vila Isabel traduziu de um jeito muito bonito a homenagem que queríamos fazer para o agricultor. O primeiro grande impacto foi ver a emoção dos agricultores e pessoas assistindo ao desfile, foi lindo. A repercussão do tema na mídia também foi muito importante, porque a Basf não fez propaganda de produto da marca, mas levou uma causa para a avenida”, ressalta Russomanno, vice-presidente para o Brasil da unidade de proteção de cultivos da Basf. O vp da multinacional destaca que outro ponto positivo foi ver o nome da Basf aparecer de forma elegante. “A marca não apareceu na avenida, mas foi falada de maneira elegante, porque todo mundo sabe que patrocinamos a escola”. (http://propmark.uol.com.br/mercado/43200:patrocinio-as-escolas-de-samba-levantam-controversia-no-carnavalHavia agricultores assistindo o desfile? Com certeza, os donos do agronegócio, como famosos da Globo...

"Os especialistas acreditam que os modelos atuais de patrocínio ainda se transformarão bastante. Haverá marcas que vão querer se associar a temas que não estejam diretamente ligadas a elas. Isso pode levar uma marca de alimentos a patrocinar um enredo que fale de esportes e boa forma, por exemplo, sem falar diretamente no produto que vende. “A São Clemente foi uma vez patrocinada pela Skol e o patrocínio ficou explícito em campanhas publicitárias feitas pela marca, independente do tema da escola. Os patrocínios tendem a ser lapidados, e acredito que cada vez mais empresas entenderão suas possibilidades”, observa Guedes. A Salgueiro obteve a quinta colocação ao abordar o tema fama, com patrocínio de Caras. “Ao saber do patrocínio da revista Caras, a comunidade do Salgueiro ficou brava, mas o tema fama foi muito feliz”, recorda." (idem)

Eduardo França, coordenador do curso de pós-graduação em Gestão do Entretenimento da ESPM, declara: “Ainda que tenha se tornado um negócio, o Carnaval ainda é uma manifestação popular. A questão é que o patrocínio esbarra na gestão de imagem, e há limites que devem ser respeitados”. (ibidem) 

Nem aí. A cervejaria Schincariol, que no segundo semestre de 2010 respondeu por crime ambiental em Macacu, foi uma das patrocinadoras mais fortes em 2011, no Rio de Janeiro.


Há alguns anos escrevi este artigo. Creio que agora inclua o "patrocínio dos governos estrangeiros"...

Você sabe de onde vem o dinheiro que financia o carnaval brasileiro?

Você sabe de onde vem o dinheiro que financia o carnaval brasileiro?


Por Marise Jalowitzki
10.março.2011
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2011/03/voce-sabe-de-onde-vem-o-dinheiro-que.html




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