terça-feira, 23 de abril de 2013

Você sabe como e de que são feitas as suas roupas?

Roupas sustentáveis, roupas veganas, roupas tóxicas - Qual a sua opção? Garrafas pet viram viscose

Sustentabilidade é Responsabilidade de todos

3 R's da Sustentabilidade - Reduzir (o consumo e o desperdício), Reutilizar e Reciclar

Você sabe como e de que são feitas as suas roupas?
Atualmente temos uma infinidade de tecidos: Cotton (algodão, que pode ser orgânico ou transgênico), viscose, cetim, jeans, jeans encerados, sarja, látex, microfibra, politetrafluoretileno, lã de escória, poliuretano - PU, moleton, renda, lona, percal, polietileno tereftalato (conhecido como Pet), viscose, veludo, fluorofibra, cânhamo, coco, couro (de animais e sintético), fibra de basalto....

Por Marise Jalowitzki

Campanha Detox, lançada pelo Greenpeace, alerta consumidores para os produtos químicos tóxicos e cancerígenos que são utilizados no fabrico de roupas, que alteram hormônios e causam doenças.

As ações humanas, para serem consideradas sustentáveis, devem:
● utilizar-se de recursos renováveis, ao mesmo tempo em que garantem a otimização dos recursos não-renováveis (ar, água e a terra);

● produzir apenas lixo que o ecossistema seja capaz de reutilizar (compostagem)

● assegurar que todos usufruam de um espaço ambiental saudável, independentemente de sua classe social ou do volume de sua conta bancária.

Ainda que estejamos apenas iniciando a caminhada neste sentido, cada vez mais o planeta consciente exige que tenhamos uma atitude responsável frente a tudo que pensamos, sentimos, fazemos, adquirimos, consumimos e descartamos. Pode até parecer complicado, mas, à medida que conhecemos e nos habituamos a pesquisar, perguntar, sugerir e exigir, tudo fica mais fácil e, até mesmo, rotineiro.  

Tudo está interligado e ajudar a uns também implica em ajudar a outros, incluindo-se.
A água continua sendo o maior agente de doenças, quando contaminada. Beber água saudável é direito de todos, no entanto, o volume de água contaminada aumenta em todos os recantos do mundo. Segundo estatísticas de vários órgãos internacionais, especialmente os países do hemisfério sul apresentam um índice crescente de contaminantes na água, seja por conta do excesso de agrotóxicos usados nas lavouras, seja pelos efluentes químicos tóxicos jogados nos rios pela indústria. Um dos ramos que poluem com metais pesados é o vestuário! As peças são contaminadas com produtos químicos (nonilfenóis-NPs) que, ao entrar em contato com água, se fracionam e formam substâncias que alteram a forma como os hormônios naturais atuam no corpo humano. Foram encontrados ainda vestígios de substâncias químicas cancerígenas. Marcas famosas receberam o alerta, para que cobrem de seus fornecedores O QUE entra no fabrico dos tecidos e COMO são tratados os mesmos, desde a etapa da fabricação até a entrega.

Reutilizar - vestido de tecidos antigos reutilizados e renda de crochê
Atualmente temos uma infinidade de tecidos: Cotton (algodão, que pode ser orgânico ou transgênico), viscose, cetim, jeans, jeans encerados, sarja, látex, microfibra, politetrafluoretileno, lã de escória, poliuretano - PU, moleton, renda, lona, percal, polietileno tereftalato (conhecido como Pet) veludo, fluorofibra, cânhamo, coco, couro (de animais e sintético), fibra de basalto.... A campanha Detox, lançada pelo Greenpeace em 2011, e seguida por várias outras instituições, visa fazer com que a moda pare de usar produtos químicos tóxicos em suas confecções, que vão desde roupa íntima a calças, camisas, vestidos, tudo, enfim. Inicialmente, foram conclamadas as 20 principais marcas do mercado varejista da moda no planeta. As maiores concentrações - acima de 1000 partes por milhão - foram encontradas em itens de vestuário da Zara, Metersbonwe, Levi’s, C&A, Mango, Calvin Klein, Jack&Jones e Marks&Spencer. Alteração hormonal, câncer, poluição da água.

A campanha Detox pretende, até 2020, zerar o uso de componentes tóxicos em tecidos. Mais de dez marcas importantes, já declararam estar se empenhando. A H&M e a Marks&Spencer, já o fizeram e exigem que seus fornecedores divulguem todas as substâncias químicas que suas instalações fabris lançam no ambiente. A Zara, até dezembro.2013; a Levis, até 2015.
Sustentabilidade rima com responsabilidade, correto?
É preciso que você, como consumidor, pesquise, pergunte, FAÇA CADA VEZ MAIS, DIVULGANDO E CONSCIENTIZANDO, para que todas os pontos de venda se conscientizem de que é preciso saber a procedência dos produtos e a maneira como são feitos. Isso é, no mínimo, Direito do Consumidor. E, também, responsabilidade social, pois as futuras gerações não terão mais tempo para exigir mudanças. SE NÃO FIZERMOS AGORA, ELES SERÃO APENAS CONSEQUÊNCIA!!!

E é bom p’ra todos! Quem fabrica, tem a consciência tranquila. Quem adquire, sabe que está adquirindo um produto idôneo. E os que moram no entorno e recebem emanações limpas, tem assegurada mais saúde.
“As pessoas têm o direito de saber com o quê os seus rios estão sendo poluídos e quais são os produtos químicos perigosos em suas roupas. A Zara, a maior do mundo, assumir o compromisso de agir de forma mais transparente é um marco na maneira como as roupas são fabricadas e será a chave para forçar com que mais marcas se comprometam com a poluição ‘zero’ de produtos químicos perigosos até 2020”, ressaltou Li Yifang, campaigner sênior de tóxicos do Greenpeace Ásia.



Pele de peixe e rãs, que usualmente vão para o lixo. Na imagem, bolsa feita com pele de peixe e rãs - Projeto em Pernambuco

Sustentabilidade
Na contrapartida, cresce também o interesse sócio-ambiental, onde empresários conscientes criam tecidos e estilistas conscientes inovam em suas coleções. 

Quem me conhece sabe que, sendo vegetariana (quase vegana), não aprovo o uso de animais, seja em que segmento for. Entretanto, enquanto os humanos ainda se alimentarem de quaisquer carnes de origem animal, utilizar ao máximo este sacrifício ainda é um ato, digamos, mais consciente (embora sempre cruel). Assim, utilizar peles de peixe e rãs que, de outra maneira, iriam para o descarte, emprega esposas de pescadores no Pernambuco e gera roupas, bolsas e acessórios. É Sustentabilidade, também.

Ciclo da produção de roupas sustentáveis - Info da Isto é Dinheiro

Brasil

O Brasil é a 5ª maior produtora têxtil do mundo. São 30 mil empresas, quase 2 milhões de empregos e 10 bilhões de peças produzidas por ano! A produção de tecidos reciclados responde por 5% deste faturamento, segundo Sylvio Napoli, Gerente de Inovação e Tecnologia da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção. 

Já existem fábricas que produzem em larga escala o tecido reciclado. Uma delas  situa-se em Americana, São Paulo. É a Ecosimple que, depois de vários anos de pesquisa, dispõe agora de um maquinário eficaz que utiliza retalhos de tecidos e garrafas pet (que antes iriam para o lixo), transformam em fibra, daí em fios e, por fim, tecidos. Atualmente são produzidas  20 toneladas de fios/mês, o que significa 20 toneladas a menos de lixo! O produto final ainda acaba custando 30% a mais que os valores normais, mas já existe um público consumidor cativo, consciente da responsabilidade social de tais ações.


Ecosimple - tecidos feitos de retalhos e pet

O trabalho também fomenta um outro segmento: o das cooperativas, que coletam as pets e os retalhos, separam por cor, por tamanho, por peso, textura. Um trabalho de responsabilidade social de uma magnitude que apenas começa a se delinear!

Desde 2010 o tema sustentabilidade já invadiu com glamour as passarelas das Fashion Week de São Paulo e Rio de Janeiro. Nos Eua, a tendência irrompeu neste ano de 2013, durante a New York Fashion Week, que aconteceu em março, onde vários estilistas anunciaram ter assumido o compromisso ecológico. Como os estilistas Rogan Gregory, da marca Loomstate, ou Daniel Silverstein, diretor criativo e co-fundador da 100%NY.

E esta é uma moda que veio para ficar, pois traz em si a consciência ambiental, a atitude do consumo consciente. Dar um novo começo a um produto que chegou ao fim!, como salienta o famoso estilista Alexandre Herchcovitch, que utiliza os tecidos recicláveis em desfiles emblemáticos, como a São Paulo Fashion Week.

A seguir, transcrevo texto de Gisele Eberspächer, com exemplos de projetos exitosos e o uso de materiais alternativos, como pele de peixe, palha, lâminas de madeira, couro vegetal, tingimento a base de vegetais.

A escolha por tecidos e modelo de produção sustentáveis já está presente em várias indústrias do país. A opção pode ser um fator determinante para o consumidor, que cada vez mais valoriza medidas sócio-ambientais.


A Iódice continuou com a paixão pela sustentabilidade e criou uma coleção inspirada na Amazônia. A marca doará um real por peça vendida para ajudar famílias do Amazonas, além de contratar artesãos da região. O couro utilizado é sempre feito com base vegetal, nunca com produtos químicos. Já as mini-bolsas eram feitas de pele de pescado. A cortiça também apareceu, em acessórios e sapatos.



Já a Osklen se inspirou em mergulhos de águas profundas do Rio de Janeiro e do Caribe para compor a coleção. A sustentabilidade está na utilização de algodão orgânico para as malhas e com tingimento natural, desenvolvido por Eber Lopes Ferreira.



A marca Movimento desenvolveu um projeto social chamado Pernambuco com Design, em que a estilista Tininha da Fonte ensinou durante seis meses mulheres de pescadores de uma colônia perto da praia de Boa Viagem a costurar biquínis e maiôs. Além disso, a matéria prima utilizada nas peças foi a pele de peixe, de pescados e tilápias da região e pescados muitas vezes pelos maridos das costureiras.



A Maria Bonita se inspirou no nordeste para reaproveitar lâminas de madeira de reflorestamento. Posicionadas como mosaicos em cima dos tecidos ou até trabalhadas com resinas, o material deu um formato diferente às peças. Outro material utilizado foi a palha, usada para fazer detalhes em croche em várias peças.



A coleção de Ronaldo Fraga utilizou mão de obra de artesãs de vários estados diferentes, incentivando novos ofícios para mulheres ajudarem na renda familiar. As rendas que acompanharam vários vestidos, blusas e saias foram feitas na Paraíba e os bordados foram feitos em Minas Gerais ou Pernambuco.



Por último, o estilista Alexandre Herchcovitch utilizou na passarela masculina o EcoSimple. O tecido é resultado de um processo que reutiliza resíduos de fábricas da indústria têxtil, separados por cores por famílais carentes de Blumenau. O material passa por um processo de desfibragem, em que se torna fibras, que serão fiadas e tecidas novamente. O processo é livre de produtos químicos.

Fonte: Por Gisele Eberspächer (2011) - atitudesustentavel.uol.com.br




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