segunda-feira, 11 de abril de 2011

O Atirador, o Bulling e a revanche dos "Normais"

Bulling - a zoação de todo dia

O Atirador, o Bulling e a revanche dos "Normais"

Por Marise Jalowitzki
11.abril.2011
http://t.co/EPq35ay

Ía deixar só como "Comentário" o que a Ana Rosa escreveu e o que coloquei como resposta. Mas, acredito ser TÃO pertinente falar mais sobre o serial killer do Realengo, a dor que ele espalhou. E o bulling.

Muita gente se revolta quando falo isso.
A tragédia e sua dimensão de violência e dor, são imensas. Não há o que justificar.

Agora, o que dizer das pixações e quebra-quebra na casa dos parentes, os parentes temerem sair na rua ou serem identificados, mesmo havendo declarado a separação do convívio?

O que significa, dos que se denominam "normais" querer "fazer justiça" querendo que o corpo do matador seja "feito picadinho", "espalhado em praça pública", ser "jogado em lixão", deixar "para os abutres comer", "deveria ter sido torturado aos poucos" e coisas do gênero que encontramos em vários comentários?

Quando foi divulgada a destruição que vândalos fizeram na casa (já abandonada), a matéria, em um site, recebeu mais de 800 comentários (não estou falando de leitura, são comentários escritos), dos quais 99% era de xingação, condenação, sentenças ao estilo dos termos que transcrevi no parágrafo anterior.


Seguem algumas:

postado:
09/04/2011 - 12h52

devia ser pendurado em praça pública pra ser apedrejado. que nem judas...
ningúem nunca mais fazia isso!!!
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postado:
09/04/2011 - 12h11

QUEM VAI RECLAMAR O CORPO DESSE DIMONHO, AS PESSOAS QUEREM DISTANCIA DO VERME, MESMO DEPOIS DE MORTO, JÁ DISSE E REPITO, JOGA NUMA COCA RAZA ERROLADO NUM SACO DE LIXO, DAQUELES DE PLASTICO PRETO, E QUEIMEM O LENÇOL BRANCO QUE O JOVEM PURO DE ALMA PEDIU P/USAR NO FUNERAL. ISSO É O QUE ELE MERECE
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postado:
09/04/2011 - 12h09

Esse lixo não merece um SEPULTAMENTO. Ser ENTERRADO para não feder ainda mais, tá bom. Mas não enterra num cemitério, não! Enterra num lixão, bem fedorento!
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postado:
09/04/2011 - 12h07

Eu nao queria que ele tivesse simplesmente morrido ,antes disso ele precisava ser muito torturado ,só depois...
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postado:
09/04/2011 - 11h49

Eu tenho uns cachorros aqui em casa. Se me trazerem o corpo eu dou um jeito nisso
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postado:
09/04/2011 - 11h37

Porque perder, faz ração para animais
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postado:
09/04/2011 - 11h28

deixa o corpo dele desfazer ao relento, um monstro deste não merece nem um enterro
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Já comentei em outra ocasião: os comentários são uma fonte de pesquisa em um país carente de pesquisas. Está aí uma amostragem da violência aprisionada no ser humano, que parece apenas estar à espreita de alguma situação mais relevante para explodir.

Quando nos arvoramos a classificação de "melhores" por sermos "normais", por não haver perpetrado um ato infame como o desse criminoso, como justificar a "sentença" sugerida que, se cada um pudesse, acionaria sobre o atirador?

São dessas coisas que venho comentando. Um ponto é rechaçar, irrestritamente, ações desse teor. Outro ponto é tentar impugnar ações de intensidade tão violenta quanto foi a que ele cometeu. Violência gera violência. Violência atrai violência.

Eu quero apontar questões de prevenção. Para tentar evitar próximos casos. Torço para que não volte a acontecer nada parecido. Violência sempre é ruim.


Enquanto autoridades chamam o rapaz de "animal", outros o denominam "doente mental". Mesmo sendo os dois, isso não se encerra por enquadrar em alguma categoria. Dizem que a mãe sofria de esquizofrenia. Quantos milhares de esquizofrênicos há no mundo que nunca mataram ninguém? Quantos milhões de doentes mentais não promovem cenas de violência, ainda mais cenas assim dantescas?

Transcrevo o comentário da amiga Ana Rosa em "Atirador do Realengo - Um aluno invisível, um cidadão que não complicava - Você tem um desses aí em sua casa?" Link: http://t.co/9q2XqZx

"Olhando por esse ponto de vista eu me lembro do filme "Um dia de furia". Isso também nos faz pensar no quanto a nossa sociedade tem se desenvolvido de uma forma errada em que a gente precisa às vezes até gritar para ser notado. O amor, o companheirismo,a solidariedade, são valores esquecidos nesta sociedade excludente onde a gente tem que "ganhar no grito". Fui professora durante muitos anos e vi pessoas que precisavam de um chamado um incentivo para se pronunciarem. Esse isolamento, como uma reação ao sistema não significa adaptação ou concordância, e muito menos felicidade."

E o que respondi:

Exatamente.
É disso que quero falar!
É desse "deixa-estar" que, parece, já virou rotina!

No programa global desta noite apresentaram VÁRIOS jovens, ex colegas do atirador, que confirmaram, em detalhes, até fortes e sórdidos, o quanto buliram com o guri, por anos.
Nos papéis que deixou escrito, em repetidos e repetidos trechos, falava de como não era compreendido também pela família. E citou o caso de outros matadores em colégios.

Volto a dizer: NADA justifica o condenável ato que ele perpetrou, mesmo a loucura.

Mas, que devemos prestar mais atenção em como agimos (nós e os nossos)isso, devemos.
E coibir o bulling, a "pegação no pé", sempre!

Eu já lidei com isso em consultoria grupal. Em uma empresa, em programa de desenvolvimento de equipes, tive um caso de um "quietinho", zoado por todos, que se suicidou.

"Ele não se importava!" - disseram. "Ele nunca respondia nada!"
Como dizer que nada é nada?

Cada tijolinho forma o mosaico, sim!

A planta nasce pequena.

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