terça-feira, 9 de novembro de 2010

NORUEGA EM ÁGUAS PROFUNDAS NO BRASIL - PETRÓLEO


NORUEGA EM ÁGUAS PROFUNDAS NO BRASIL - PETRÓLEO
Marise Jalowitzki


A Noruega vê o Brasil como "o futuro", o novo Mar do Norte
Advertência sobre a extração acelerada do petróleo no pré-sal

É preciso investir em energias renováveis
O mundo precisa de petróleo para manter a economia e produção, mas, até onde o clima pode tolerar? A indústria petrolífera está cega para este paradoxo.

Nos próximos 12 meses, a Statoil efetuará a perfuração de seis poços no Brasil.
Statoil já está trabalhando no Brasil há muitos anos e não faz segredo de que o Brasil é um país chave para nossos negócios internacionais.



Por ocasião de minha participação no Movimento Marina Silva, recebi o contato de Runa Tierno, free-lancer da Revista NyTid (Novo Tempo), da Noruega. A reportagem saiu muito boa sobre Marina Silva, o Movimento, o PV e a importância da Onda Verde.

Passei, a partir dali, a acompanhar, de tempos em tempos, as edições da revista, conjuntamente às publicações da jornalista norueguesa. Lá, tomei conhecimento de como os investidores noruegueses estão entusiasmados com as expectativas do pré-sal no Brasil, de como estão se familiarizando com nossa cultura e nosso jeito de negociar.

Recentemente enviei um e-mail a ela, perguntando se as repercussões com relação à exploração petrolífera continuam no mesmo patamar. Runa respondeu:
"A Noruega vê o Brasil como "o futuro", o novo Mar do Norte. A produção de petróleo vai estar caindo nos próximos anos (no Mar do Norte), e os investidores estão olhando para o Brasil como um pais onde vai ter boas oportunidades de ganhar dinheiro e crescer nos próximos anos.

Outro fato importante é que as empresas norueguesas deste ramo tem uma competência nas aguas profundas, e essa competência vai ser muito útil para o Brasil/a Petrobras no presal. Por isso estão falando de "uma parceria perfeita".

A estatal norueguesa Statoil está no Brasil desde 1998 (eu acho). 5 anos atras teve 55 empresas nor. no Brasil. Em 2010 tem 120, a maioria é do ramo P&G (petróleo e gás).

Os noruegueses se sentem bem vindos aqui, e as relacões são boas.

Uma dificuldade que eles enfrentam (mas aceitam) é a regra do "Local content": 70 % dos projetos tem que ser construídos aqui no Brasil. Tb 70 % dos trabalhadores precisam ser brasileiros. Não conheço os detalhes, só sei que nas empresas norueguesas aqui há, por exemplo, um chefe noruegues e o resto é tudo brasileiros. A procura de mão de obra qualificada (de brasileiros) é muito grande.

Por isso as empresas norueguesas precisam procurar parceiros brasileiros o tempo todo, e na minha opinião essas parcerias são boas para os dois paises" - conclui Tierno.


Vamos acompanhando o cenário para os próximos meses/anos.

Do jeito como todos os governos e investidores se comportam,  parece mesmo que, no caso do Brasil, o pré-sal seja, efetivamente, utilizado como a "grande tacada" para uma resposta sólida em relação a crise mundial e "guerra cambial" instaurada.

Mesmo não concordando com tais pensamentos, filosofias e práticas de exploração de petróleo, considero importante manter atualização dos temas, pois, só assim é que se constrói opinião.
Assim pensando, decidi apresentar a tradução da reportagem de Runa, publicada em 07 de Novembro de 2010.



EM ÁGUAS PROFUNDAS NO BRASIL 




(Foto: Sevan Marine)

"No total, as empresas norueguesas investiram mais de US $ 15 bilhões no Brasil desde que aconteceram as descobertas de petróleo em águas profundas, em 2007. Os campos podem ser a maior descoberta do mundo do petróleo em 30 anos, e é referido na Noruega como "um novo mar do Norte". Na prática, isso significa que a era do petróleo está apenas iniciando no Brasil. Uma dezena de empresas norueguesas celebraram contratos valiosos no Brasil nos últimos seis meses, e apenas durante o próximo ano, a Statoil vai efetuar a perfuração de seis poços no país.

Em Julho deste ano aconteceu a primeira produção no campo do pré-sal e, no final de outubro, poucos dias antes da eleição presidencial, iniciou-se a produção em um grande campo de Tupi, que por si só contém 5-8000000000 barris de petróleo. Dilma Rousseff, eleita presidente, usou de todos esses argumentos em sua campanha eleitoral, mostrando o quanto vale a pena.

- O óleo do pré-sal vai ajudar a criar milhares de empregos e, além disso, criamos um fundo social a ser usado para combater a pobreza, saúde, educação, investigação e desenvolvimento tecnológico ", disse Dilma Rousseff, nos seus programas eleitorais na televisão.

O fundo social, tendo o fundo petrolífero norueguês como modelo, o Brasil tornou-se um parceiro tão importante para a Noruega que, em 2011, o governo lança a sua própria estratégia brasileira.

Somente durante o primeiro semestre de 2010, mais de 100 empresas norueguesas contataram com a Innovation Norway e mostraram interesse no Brasil.


É preciso investir em energias renováveis

Muitas dessas mesmas empresas que estão agora olhando para o Brasil, já estão presentes nos países produtores do petróleo Africano, onde a riqueza do petróleo nunca foi a bênção que muitos esperavam.

Sigurd Jorde, que em 2006 foi editor do livro "Oil Spill - busca da África para o ouro negro" levanta questões sobre os rumos das empresas de petróleo e o lugar que ocupam na realidade mundial.

- A continuidade da extração ajuda a prolongar a era do petróleo e cria uma sempre maior mudança climática, e isso é algo que a indústria do petróleo não quer discutir. É incrível o valor deste negócio. Há, por parte dos investidores, uma grande vontade de estar envolvidos, mas esta é uma corrida que o mundo não vai poder suportar a longo prazo. É uma espécie de junco que faz com que uma pessoa fique cega, podendo facilmente ignorar os perigos ", disse Jorde, que é o atual gestor da informação do Fundo de Desenvolvimento, a Novo Tempo.

Além disso, a candidata presidencial Marina Silva, a parte ambiental PV, que foi eliminada no primeiro turno, critica o enfoque unilateral do petróleo e a noção de que as receitas futuras do petróleo vão resolver todos os problemas sociais do país.

- A utilização do petróleo como energia ainda é um mal necessário no mundo e no Brasil também. Temos de fazer os investimentos necessários para garantir uma utilização segura e eficaz dos recursos do pré-sal. Acredito também que uma grande parte das receitas provenientes do petróleo do pré-sal devam ser investidas em tecnologia e inovação, para que o mais rapidamente possível possamos substituir combustíveis fósseis por energias renováveis. Um dos diretores do Banco Mundial disse uma vez que nós não saímos da Idade da Pedra, porque saímos da pedra, foi porque achamos melhores métodos. É necessário sair da era do petróleo antes do petróleo acabar com o nosso planeta ", disse ela em entrevista durante a campanha.


Petróleo

O Pesquisador Helge Ryggvik, do Centro de Tecnologia, Inovação e Cultura, da Universidade de Oslo, diz que é a forma como as autoridades norueguesas também devem pensar. E ele adverte: "O Brasil não deve cometer o mesmo erro que a Noruega". Ryggvik não quer dizer que a Noruega esteja em posição de dizer que o Brasil e outros países do Sul não devam extrair o óleo, quando foi isto, exatamente, o que os noruegueses fizeram.


- Eu quero dizer ao Brasil que eles não têm que nos copiar. A Noruega extraiu seu petróleo muito rapidamente e, em pouco tempo, ele acabou. Em vez disso, o Brasil, take it easy, deve construir a indústria local e extrair a maior parte do petróleo para si, seu território, ao invés de abrir todas as fechaduras e deixar para as empresas estrangeiras que estão olhando apenas para o creme de leite desnatado. Brasil vai enfrentar uma pressão muito forte para uma rápida expansão. Infelizmente, porque isso significa que a produção do petróleo terá um ritmo tremendo, o Brasil estará muito dependente das receitas advindas do petróleo e se tornará muito vulnerável. Para o Brasil, esta é uma solução de curto prazo para os problemas econômicos ", diz Ryggvik.



Statoil
Statoil já está trabalhando no Brasil há muitos anos e não faz segredo de que o Brasil é um país chave para nossos negócios internacionais.

- Olhamos para o Brasil hoje como um país muito interessante para desenvolver a indústria de petróleo e gás, porque vemos que as competências principais do grupo, inclusive em atividades em águas profundas, nos permite encontrar oportunidades de negócio interessantes aqui. As descobertas do pré-sal tornaram o Brasil ainda mais interessante ", disse o diretor regional para o Atlântico Norte, Thore E. Kristiansen.

Nos próximos 12 meses, a Statoil efetuará a perfuração de seis poços no Brasil.
- O maior Peregrino da Statoil em campos estrangeiros. Em 2007, a Statoil fez descobertas ao sul da área que agora estamos expandindo, o que indica que pode ter consideravelmente mais óleo aqui. Na primeira metade do próximo ano pretendemos fazer drill up em dois poços que vão se chamar Peregrino sul e sudoeste, e com resultados positivos, podemos obter um desenvolvimento semelhante no sul ", diz Kjetil Hove, que é chefe do grupo no Brasil.

Petrobras do Brasil também é o maior cliente para a empresa norueguesa Sevan Marine. A Petrobras, entre outras coisas, decidiu alugar um equipamento de perfuração Sevan Driller até 2016, que funcionará em um campo do pré-sal no norte da Bacia de Campos.

Em 2012, o segundo equipamento de perfuração Sevan, atualmente em construção na China, estará pronto para ser colocado em operação em campos do pré-sal. O presidente da companhia no Brasil, Heitor Gioppo, analisa oportunidades de crescimento muito bom para Sevan no Brasil.

- Para aqueles que querem entrar e se estabelecer no Brasil, este é o momento certo ", disse ele a Ny Tid.


Sigurd Jorde acredita que a indústria do petróleo deve ser muito consciente do papel que desempenham

"- Aos olhos da indústria do petróleo, o mundo precisa de petróleo para manter a economia e produção, mas, até onde o clima pode tolerar? A indústria petrolífera está cega para este paradoxo, e seu papel fundamental no fornecimento de energia, inibe o desenvolvimento de formas de energia alternativa e limpa. Eles não fazem nada de ilegal, mas estão no jogo", disse Jorde a New Time.

A indústria petrolífera argumenta frequentemente que o carvão é a fonte de energia alternativa ao petróleo, mas o pesquisador da Universidade Helge Ryggvik discorda :

- Baixa produção de petróleo eleva o preço do produto, levando, dessa forma, as outras formas de energia se tornarem novamente mais rentáveis. Eu também sou cético de que empresas como a Statoil saiam e se convertam em uma empresa internacional (privada), porque acredito que os lucros do petróleo pertencem à nação. Em países com um governo mais forte, que pode suscitar o interesse da nação, fica menos problemático, e eu diria que o Brasil está numa posição intermediária, disse Helge Ryggvik.


Vá para casa!

O movimento sindical brasileiro acredita que as empresas norueguesas devam simplesmente ficar de fora.
- Para mim, todas as empresas multinacionais são iguais. Elas querem ganhar dinheiro, e sua presença aumenta a exploração. O óleo do pré-sal deve ser utilizado de forma estratégica e utilizado para financiar projetos de desenvolvimento de fontes de energia mais limpa e para resolver os problemas sociais do país ", diz Emanuel Cancelar, da Sindipetro do Rio de Janeiro a New Time.



Publicado por Runa Tierno na Revista NyTid - Novo Tempo 5 Novembro 2010 em uma edição abreviada de / version.
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Duas referências de reportagens anteriores, que já li, sempre com o auxílio do tradutor do google, é claro.

http://blondieibrasil.blogspot.com/2010/09/ser-ny-nordsj-i-brasil.html
http://blondieibrasil.blogspot.com/2010/09/kamp-om-beinet-i-brasil.html
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Artigos relacionados, publicados neste blog:
http://ning.it/bLhEBa
http://ning.it/a1qp1B
http://ning.it/aErVjT
http://ning.it/agFvl7

Statoil no Irã
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MARISE JALOWITZKI é escritora, consultora organizacional e
palestrante internacional, certificada pela IFTDO-USA, pós-graduação
em RH pela FGV-RJ, autora de vários livros organizacionais.
marisej@terra.com.br
http://www.compromissoconsciente.blogspot.com/
F (51) 97056424
Porto Alegre - RS - Brasil
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