quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Agora chegou a nossa vez!? A saga do "ouro negro"

 


AGORA CHEGOU A NOSSA VEZ!?
A saga do "ouro negro"
Marise Jalowitzki


PARA ONDE LEVA A EUFORIA?


Muitas e muitas pessoas parecem estar cegas frente à perspectiva de enriquecimento que o opaco brilho do "ouro negro" promete. Brindemos!




Não sei bem porque, veio-me à lembrança os aplausos das focas que, com seus "bracinhos" curtos, aplaudem quando, bem treinadas, recebem seu alimento-peixe.


O contentamento toma conta também dos seres humanos quando sentem (ou pensam sentir) que suas aspirações estão por ser atendidas. Claro que é bem bacana ter este sentimento. É motivador. Faz acreditar. Dá esperança. E fé. Aí é que quero refletir com você: Vamos manter, também, o lado racional em alerta?

O grande risco da euforia é esquecer de ser objetivo, analítico, observador e contribuir com objetividade, em situações factuais. É preciso manter o foco, ser assertivo e pontual nas observações.


A maioria das pessoas "precisa" acreditar para continuar [sobre]vivendo, por isso, decide-se a não pesquisar, olhar mais fundo. Também, é uma atitude mais cômoda. Entretanto, a história da humanidade está plena de fatos onde o otimismo exagerado cegou populações inteiras, que, ao serem infladas a acreditar que "havia chegado o seu momento", passaram a agir irracionalmente, desmedidamente, derrubando o que lhe vinha a frente.


Todos conhecemos pessoas assim. Nada mais ouvem, nada mais lêm, a não ser aquilo que sedimenta sua euforia.

Desejo, sinceramente, que, passados os tempos de euforia, não sobrevenha a "grande depressão" que assola todos os estágios irrefletidos.


Quando Henry Ford lançou seu primeiro carro a manivela e gasolina, as pessoas também gritavam, eufóricas.


"Agora, chegou a nossa vez", dizem muitos brasileiros. E parecem acreditar, realmente, que também "podemos", como fizeram todos os outros países chamados desenvolvidos. Podemos enriquecer instantaneamente, podemos continuar destruindo, podemos poluir como os outros também fizeram. "Yes, we can!" - Tudo igual. Apenas não sentem (ou não querem perceber) que os tempos são outros e que o planeta ainda é o mesmo.



E que continuar invadindo e explorando o interior da terra, suas camadas mais profundas, pode gerar danos iguais ou bem maiores do que já produzimos sobre a superfície e na atmosfera.

Analise a extensão do programa que prevê a exploração de petróleo no pré-sal: do Maranhão a Santa Catarina.


Praticamente o litoral inteiro. E em águas ultraprofundas, mais de 7.500 metros da superfície ao fundo do mar.

Quais os impactos ambientais advindos desta agressão que a extração petrolífera acarreta? Provavelmente, só saberemos quando eles (os impactos) acontecerem! Como o velho e conhecido modelo de "chorar sobre o leite derramado" proclama e [ainda] age.

Noutro dia estive conversando com algumas pessoas humildes´, e quis, mesmo, checar a quantas anda a compaixão das pessoas. Expliquei um tanto dos riscos que o pré-sal acarreta e a necessidade das pesquisas preventivas e de um efetivo acompanhamento, passo-a-passo, de cada nova perfuração.

- Mas, quanto tempo vai levar isto? - perguntou um. - Eu não quero esperar mais! Se é prá vir, que venha logo!
E outro:
- Não pode ser tão perigoso assim. (E teceu alguns comentários sobre o que ouviu em promessas de campanha eleitoral, que prefiro nem repetir)

Apresentei mais alguns dados sobre desmoronamentos, inundações, catástrofes, "reassentamentos" do solo. 
E concluí:
- Eu não quero "enriquecer" à custa de catástrofes, nem da morte em desastres, de pessoas inocentes, irmãos brasileiros nossos.

Silêncio geral. E o assunto morreu por aí. As pessoas voltaram a seus afazeres.

Quais os valores sociais que comungamos? Interessante pensar nisso. 

Este pensamento de retorno lucrativo imediato parece ser bem comum, em todos os segmentos. Só que há outras saídas, com bons resultados.

Com o sol maravilhoso que temos e os ventos abundantes em tantas regiões, por que não investir mais em incrementar a utilização das energias solar e eólica?

A situação planetária está mudada. E o aquecimento global não é brincadeira. Os rios urbanos estão, na maioria, cobertos com asfalto e nem os conhecemos mais. Alguns, como o Riacho Ipiranga (em frente à PUC em Porto Alegre), permanece a céu aberto, cheirando mal, condutor de esgoto. Guaíba, Tietê, Rio dos Sinos, Gravataí, Capibaribe, permanecem abertos, escancarando seu odor fétido. Tudo morto ou quase morto.

Quem mais vai sofrer são as populações mais desprovidas, que não são, nem nunca foram, as responsáveis pelo atual quadro.

Conhecer, analisar, refletir é um tanto mais cansativo, sim. Porém, bem mais compensador. necessário.

Informe-se. Analise. Conclua.
Para que a natureza e toda a biodiversidade que ela ainda contem, não seja, daqui um tempo, apenas lembrança fotográfica.

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MARISE JALOWITZKI
Mãe e Avó
Escritora e Consultora
Porto Alegre - RS - Brasil
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